quinta-feira, 21 de julho de 2011

Song's*7


Jardel&Gabriela


Javi salva Mariza

Roupas utilizadas para o 7º Capítulo

                                                             Roupa utilizada por Mariza

7ºCapítulo - narrado por Mariza Martínez

Senti-me tão bem... tão cheia de vida e energia... tão completa...
Dirigi-me ao roupeiro, enquanto saltitava e dava suspiros.
Escolhi um corpete creme com umas diminutas florinhas, uma saia comprida castanha, até aos calcanhares e umas botas do estilo cowboy . Estava tão feliz que até me atrevi colocar uma flor rosa no cabelo encaracolado. Meti os fones nos ouvidos a ouvir Black Jesus (Amen Fashion) de Lady Gaga. Tomei o pequeno-almoço sem pressas. Olhei para o relógio, meti a mala ao ombro e saí sem dizer uma única palavra à minha mãe. Sentei-me na moto à espera de Inês que parecia mais atrasada do que o costume. Senti o meu telemóvel vibrar na mala; pensei ser Inês... mas estava enganada. Sorri ao atender.
- Jardel? Tudo bem?
- Olá, garota. Tudo bem com você?
- Tudo perfeito! Então, a ligares-me tão cedo... aconteceu alguma coisa?
- É preciso acontecer algumas coisa para falar com a minha amiga?
Ri-me.
- Não-não.
Ele também se riu.
- Na verdade, liguei para convidar você para almoçar hoje comigo e com a Gabriela.
- Ah, hoje?
- Sim, não vai trabalhar no Estádio?
- Sim, vou.
- Então, podemos combinar o almoço antes dji você ir para o Estádio... depois se você quiser até lhe dou uma carona.
- Carona?! – o que raio queria ele dizer com aquilo?
- Ah, desculpa. Às vezes me esqueço que você é espanhola.
- Não há problema. – rindo-me.
- Queria dizer, que lhe posso dar uma boleia.
- Ah, não-não, obrigada. Eu tenho moto.
- Ah, está bom. Daqui à pouco eu faço a reserva para o restaurante, depois envio uma mensagem para você, dizendo onde é.
- Fico à espera, então.
- Sabe, nós temos uma novidade para lhe contar...
- A sério? Diz, diz!
- Não, vai ter dji esperar até ao almoço.
- Ai, que mauzinho.
- Vá, vai para a Faculdade. Beijo. Até logo.
- Muy bién. Besos. – e desliguei. Olhei para as horas e decidi ligar à Inês; não atendeu. Comecei a ficar preocupada... decidi subir. Bati à sua porta e aguardei, tentanto acalmar-me.
Abriram a porta, mas não era quem eu esperava encontrar. Não era mesmo quem eu esperava encontrar. Não me tinha enganado na porta e/ou no prédio, pois não?! Hum, não. Então, porque raio tenho o Rúben Amorim à minha frente?!
- Hey, eu conheço-te! – exclamou ele, pensativo.
- É claro que conheces! – disse, rabiosa (ahaha). Detestava não estar a par do que acontecia à minha volta. Queria explicações! E já!!! – O que estás a fazer em casa da Inês?
- Conheces a Inês?
Levantei uma sobrancelha fina. Subitamente, ouvi a voz de Inês.
- Quem é, Rúben?
- SOU EU, INÊS! ESTAMOS ATRASADÍSSIMAS!!! – berrei-lhe.
Ela apareceu atrás de Rúben, com um ar ensonado e com a mesma roupa de ontem vestida.
- O que é que aconteceu aqui?! – perguntei, olhando para os dois.
- Eu... nós... – começou Inês. Deixou-me tão esclaredida aquela rapariga.
Inês viu que Rúben tinha o olhar fixo em mim, ainda a matutar como é que me conhecia e não conhecia.
- Ah, Rúben, é a Mariza Martínez, a minha grande amiga e vizinha.
Rúben ainda estava a olhar para mim com cara de parvo.
- Oh, rapaz! Eu trabalho no Estádio da Luz! Lembras-te? A menina simpática que diz “boa tarde” e aponta os nomes e matriculas dos carros de quem chega?
- AHHHHHHHH! Já me lembro!!!
Boa memória era coisa que ele não tinha, presumi.
- Fica sabendo que és muito falada no Benfica. – gracejou, rindo alto.
Abri mais os olhos e franzi a testa.
- És amiga do Javi e do Jardel, certo?
- Hum... sim, sou.
- Pois. Eles falam maravilhas de ti.
Corei abruptamente. Oh meu Deus! “Eles falam maravilhas de ti”... cada palavra ficou cravada na minha mente... não fiquei naquele estado crítico, por causa do Jardel, ele era um fofo... fiquei assim por quase do... Javi...
- Bom, não me desviem do tema principal! Quero saber o que aconteceu aqui!
- A Inês ficou até tarde em minha casa e eu decidi trazê-la a casa. Depois acabámos por ver um filme... e adormecemos. – explicou Rúben.
- E só acordaram agora?
- Exacto. – afirmou Rúben.
De certeza que me tinham omitido alguma coisa, mas não quis puxar muito mais o assunto.
- É melhor ires andando, Mariza. Eu ainda esotu super atrasada. – disse Inês.
- Pois estou a ver que sim. E como vais para a Faculdade?
- Eu levo-a. – declarou Rúben.
- Oh, eu não quero incomodar. – disse Inês.
- Não incomodas nada. Eu levo-te lá. Só tenho treino à tarde. – insistiu Rúben.
Inês acabou por aceitar; assim, despedi-me deles.
Apertei a mão a Rúben, fortemente.
- Foi um prazer conhecer-te, Rúben. – ele ficou surpreendido com a minha força e levantou uma sobrancelha. Depois sussurrei-lhe: - Vê lá se a tratas bem, hã? Senão, estás feito comigo! Expliquei-me claramente?
- Claramente? Claríssimo! Transparente, aliás!
- Óptimo. Vamos dar-nos bem.
Desci as escadas e fui para a Faculdade. Evitei conversas com o Rodrigo e avisei o Mauro que Inês ía chegar atrasada, mas que Rúben ía trazê-la à Universidade.
Na minha última aula, recebi um sms do Jardel que continha as coordenadas do restaurante. Mal soou o último toque, saí da Faculdade e guiei a minha motinha até ao restaurante. Juntei-me a Jardel e Gabriela (a sua namorada).
Começámos a almoçar e Jardel clareou a garganta.
- Engasgaste-te? – perguntei-lhe, preocupada.
Ele riu-se.
- Não...
- Estás nervoso! – exclamei, sorrindo-lhe.
Olhei para ambos; estavam nervosos e até ansiosos.
- Já percebi que se passa aqui alguma coisa e daqui a nada dá-me um ataque cardíaco! O Jardel disse que tinha uma novidade para me contar... quero saber! O que se passa?
Eles entreolharam-se.
- Chicos? Holaaaaaa?!
- Nós vamos casar! – disseram os dois em uníssono.
Abri muito os olhos, comprimi os lábios para não começar a rir histericamente com tamanha felicidade e adrenalina que senti no momento.
- Oh meu Deus! Muitos Parabéns! – levantei-me e dei um mega abraço a cada um. – Fogo! Não diziam nada! Eu aqui a pensar que era uma coisa trágica ou assim... seus doidos! Aiii que pombinhos perfeitos. Fico muito feliz por vocês! Quando há casório?
- Nós marcámos para 8 de Julho. – afirmou Gabriela.
- Ah, está bem. Óh, ainda falta tanto...
- Mas as novidades ainda não acabaram... e esta parte é mais complicada. – declarou Jardel.
- Então...?
- Quero tji convidar para seres a minha madrinha dji casamento. – disse ele.
- Oh meu Deus!!!
- E precisamos de uma resposta... não tem dji ser já... – adiantou Jardel.
- Estás a gozar comigo, Jardel?! É claro que aceito ser a tua madrinha! – berrei-lhe, excitadíssima com a ideia.
- Ahh, que bom! – exclamou ele, muito contente.
Acabámos de almoçar; eu e Jardel fomos para o Estádio. Despedimo-nos, mas não antes de apontar o seu nome e matricula no meu bloco de notas (ehhehh). Estava sentada na cadeira com rodinhas, cheia de tédio. Subitamente, ouvi um patinhar feroz a aproximar-se. Virei-me com o coração aos pulos.
- Credo, Rodrigo! Que parvo! É preciso seres assim tão sinistro a andar? – disse-lhe.
Senti o seu semblante forte e rigido; os olhos outrora cinzentos, quase pareciam pretos.
- O que se passa? Tomaste alguma coisa ou quê?
Rodrigo nada disse. Colocou as suas mãos em cima dos meus ombros.
- O que estás a fazer?
Agarrou-me nos braços e puxou-me para cima. Empurrou-me contra a parede cinzenta e dei um gritinho, devido ao forte impacto com a parede. Entrelaçou as suas pernas nas minhas, obrigando-me a parar de as mexer. Os seus lábios pressionaram os meus. Eu não parava de agitar a cabeça para os lados, mas ele mantinha-me a voz silenciada.
Com os braços, pernas, mãos e voz presos, só conseguia movimentar um pouco o tronco, mas do que me valia? Ele continuava a beijar-me, mas eu comprimia os lábios, evitando ao máximo a troca de ADN.
- PÁRA! – tentava dizer, berrando mentalmente.
- HEY! HEY! – gritou uma voz, enfurecida atrás de Rodrigo. Não queria saber quem era, apenas queria que me ajudasse a sair dali...por favor... o mais rápido possível.
Quando Rodrigo se virou, encarando o homem alto, eu caí de rabo no chão. A minha cabeça andava à roda e estava enjoada. Assim que a minha visão ficou mais nitída, olhei para cima, com um olhar suplicante.
Era o Javi. Javi. Era o Javi! Oh meu Deus! Era o meu salvador!
Ele dava fortes murros a Rodrigo, gritando coisas que os meus ouvidos não conseguiam ainda descodificar. Daí a poucos minutos, Javi deixou-o cair no chão com a cara vermelha e até ensaguentada. De seguida, virou a suia atenção para mim.
Olhei-o com gratidão. Ele ajoelhou-se. Pos levemente as suas mãos em cada lado do meu rosto. Fechei os olhos e senti os seus lábios quentes aflorarem-me a pele da testa.
Abracei-o e ele a mim. Murmurei:
- Gracias...

Song's*5&6


2º encontro de Mariza&Javi


Rúben&Inês&Fernando - o triângulo amoroso

Roupas utilizadas para os Capítulos 5º e 6º

                                                             Roupa utilizada por Mariza
                                                                Roupa utilizada por Inês

6ºCapítulo - narrado por Inês Oliveira

Enquanto a Mariza passava por tanta coisa no estádio e fora dele, eu estava como sempre em casa do Mauro no seu quarto para continuarmos o nosso trabalho de ciências.
- Já estamos quase a acabar. E vai ficar cá um trabalho, vamos ter alta nota. - gabava-se o Mauro.
- Ya acho que tens razão, tive sorte no parceiro, não podia ter calhado melhor.
- Era só para avisar que já cheguei! – Diz Rúben enquanto entra pelo quarto a dentro. – Up’s não sabia que estavas acompanhado. Hoje tomei banho lá no estádio. – Dizia enquanto me lançava uma piscadela.
- Que é que interessa se já tomas-te banho ou não?! Há alguma coisa que me está a escapar? – Interrogava-se o Mauro sem perceber nadinha.
- Não, nada, o teu irmão não sabe o que diz!
- Não?! Olha que sei mais do que aparento e não pareço ser o único. Vá não incomodo mais.
Foi-se passando uma grande parte da tarde sempre ali, eu e o Mauro no quarto dele a fazer o trabalho e o Rúben no quarto ao lado, sabe-se lá a fazer o quê!
Até que o Rúben bate há porta e a abre repentinamente:
-Hey puto, o jogo vai começar, como é? Vens ver? – Disse invadindo o quarto.
- Aichhh já nem me lembrava, opa acho que sim. – Dizia o Mauro a olhar para mim.
- Podes ir, podes ir. Sendo assim vou andando.
- NÃO!! – Gritaram os dois irmãos ao mesmo tempo.
Ri timidamente.
- Então? – Questionei eu.
- Podes juntar-te a nós, já vi que gostas de futebol, mas só se quiseres claro. – Retorquiu o Rúben.
- Sim acho que dá, posso ficar mais um pouco.
Descemos as escadas em direcção há sala, Mauro sentou-se numa ponta do sofá, eu sentei-me a seu lado, enquanto Rúben acendia a televisão, e punha tudo a postos para o jogo. Já estava no canal certo, e aguardava-mos o inicio da partida.
Nem reparei que equipas iam jogar, nem estava para aí virada em saber. Foi dado o apito inicial a bola já rolava em campo. Olhei pareceu-me ver uma pessoa familiar, mas não … não podia ser.
- Hei, quem é aquele com a braçadeira de capitão da equipa azul?!
- Fernando Torres. – Respondeu automaticamente o Rúben.
FERNANDO QUÊ?! NÃO PODE SER, LOGO AGORA, AGORA NÃO, AI MEU DEUS – Pensava eu.
Mauro sem mais demoras olhou para mim, eu estava estática, pálida, e antes que as lágrimas de saudades começassem a escorrer pela minha cara levantei-me rapidamente subi as escadas e entrei no quarto do Mauro onde as minhas lágrimas acabavam por me escorrer pela cara a baixo com tão grande aperto no peito, de tantas saudades que o preenchiam.
- Esqueci-me completamente, idiota pá! – Dizia o Mauro enquanto levava a mão há cabeça e se levantava.
Rúben segurou-o:
- Onde vais mano? Que acabou de acontecer? Disse alguma coisa que não devia?
- Nada disso, a culpa não é tua, eu é que me esqueci, é melhor ir lá falar com ela.
-Não deixa, eu vou.
- Mas tu não sabes o que aconteceu.
- Por isso mesmo estou preocupado. – E antes que Mauro voltasse a dizer mais alguma coisa já Rúben estava numa correria até ao quarto do seu irmão.
- Posso entrar? – Perguntou o Rúben num tom pacífico espreitando pela porta entreaberta depois de lhe ter dado uns breves toques.
- Claro! – Disse enxugando  as lágrimas.
- Que acabou de acontecer? Inês estás a chorar? Que foi miúda? Ai meu deus, fui eu não fui?! Disse alguma coisa que não devia?
Não conseguindo segurar o choro, acabo por levar as mãos há cara e o Rúben aproxima-se de mim ‘embrulhando-me’ num abraço quente.
- Não chores Inês. Que aconteceu? Se quiseres falar eu estou aqui, só não chores. Peço por tudo, custa-me tanto ver-te assim. Estou a começar a ficar preocupado.
- Desculpa, a sério, ai que vergonha, Obrigada Rúben, mas acho que é melhor ir embora. E… Não fiques preocupado.
- Desculpa porquê? Vergonha do quê? Inês! Se choras alguma coisa é, e não te deixo ir sem me dares uma boa explicação!
- Odeio que me vejam a chorar, se eu te contasse nunca irias acreditar…
- Não sabes se não tentares, só estou de ouvidos. Anda senta-te aqui. 
Sentámo-nos na cama do Mauro frente a frente um ao outro eu contava-lhe a minha história em Espanha, o sms que recebera há uns dias e de como o seu irmão tinha descoberto desta história, o telefonema que recebera ontem deixando escapar umas lágrimas de vez em quando.
-Então? Não dizes nada? Eu sabia que não ias acreditar.
- Não é nada disso, eu acredito só que... Vou-te confessar que não estava há espera, é que ninguém diria, e passaram bem despercebidos, bem mas isso não interessa, Desculpa a minha boca grande, não devia ter dito para ficares a culpa é toda minha, desculpa.
- Não tens de pedir desculpa tonto, não podias adivinhar, e a culpa não é tua, e eu agradeço pela preocupação e por me tares para aqui a ouvir.
- Hó eu continuo a achar que a culpa é minha mas pronto!
(ri)
- Tens horas?!
- Sim! – Olha para o relógio – 22:40h.
- Ai meu deus, e agora como vou para casa? A esta hora não há autocarros, onde é a estação de táxis mais próxima?
- Que estação de táxis? Eu levo-te!
- Levas nada, não posso aceitar, já perdes-te o jogo por minha causa, não nem pensar, eu cá me arranjo.
- O Mauro depois diz-me o resultado mas isso é irrelevante, eu levo-te e ponto final! Acabou aqui a conversa! E não aceito um Não!
- Ok ok, mas só desta vez, já vi que não dás escolha.
Agarrei nas minhas coisas, descemos ate ao hall de entrada onde estava o Mauro num estado de nervos.
- Como estás Inês? Desculpa, desculpa, desculpa, eu esqueci-me completamente, estás bem? O que é que tiveram tanto tempo a falar, ele já sabe?
- Calma, calma. Está tudo bem, obrigada Mauro, sim já sabe, qualquer dia publico num jornal. (rimos) Bem agora tenho de ir andando que já está a ficar tardíssimo.
- Olha mano vou levar a Inês a casa, os pais não devem tardar a chegar, diz-lhes que já venho. Até já, um abraço.
- Mais uma vez obrigada Mauro.
Demos dois beijinhos de despedida.
- Vai com cuidado! – Dizia Mauro para o Rúben.

Já há porta do meu prédio:
- Obrigada Rúben, por tudo.
- Obrigada? Vais ter de recompensar um dia destes. Ficas bem?
- Fico. – Disse cabisbaixa.
- Hummm, de certeza?! Inês eu não te deixo aqui sozinha sem saber que ficas mesmo bem.
- Podes ir. – Dizia eu enquanto procurava as chaves na mala. Quando me deu uma leve tontura com tanta emoção.
- Hei Inês, então?! – Diz Rúben enquanto num alerta máximo me segurava por trás para que eu não caísse.
- Eu estou bem, podes ir, isto já passa.- Disse eu com os olhos entreabertos ainda agarrada pelo Rúben.
- Não consigo, nem posso ir e deixar-te aqui assim.
- Obrigada Rúben. Nem sei como agradecer. Queres subir?
- Claro, eu ajudo-te. – Deu-me a mão enquanto subíamos as escadas.
Entrámos, e veio logo ao nosso encontro o pequeno González.
- E quem é esta coisinha fofinha? – Dizia o Rúben enquanto fazia uma voz confesso que medonha.
- É o meu gato, o González. Queres beber alguma coisa?
- Se já te sentires melhor faço-te companhia em algo, o que me ofereces?
- Bem acho que neste momento é, água ou … água.
- Bolas, agora deixaste-me indeciso, acho que prefiro água, pode ser?
Ambos riamos, muito despertos já por volta das 23:15h
- Não tenho sono, tu tens?
- Não, mas estou muito mais contente por ver que estás com esse sorriso lindo de volta e já tens uma corzinha.
-Ai não digas disparates. Apetece-me ver um filme, que achas?
- Não é um pouco tarde? Bem…eu não tenho nenhum compromisso, por mim, aceito, vamos lá ver um filme então.
- Senta-te aí no sofá, fica há vontade que vou buscar o filme.
Não queria nada deprimente afinal eu queria era alegrar, e já bastavam de coisas tristes, coloquei então uma comédia romântica. Troce uma manta, instalei-me no sofá ao lado do Rúben e ali ficamos.
- HAHAHA, não acredito, ela não disse aquilo! – Ia-me rindo e fazendo os meus próprios comentários do filme. – Não vais levar isso vestido?! Não agarres no copo com isso nas mãos… Oh não!
Olhei para o Rúben que por sua vez me mirava com aqueles seus grandes olhos castanhos estaticamente quase sem pestanejar.
- Porque me olhas assim? Ai desculpa, estou outra vez a falar com o filme, eu prometo que me calo.
- Não, deixa, podes falar ah vontade, até dá mais piada ao filme. – Diz rindo-se.
- Achas? Oh a sério eu vou calar-me. Estás a achar uma seca não estás?!
- Nada disso estou-me a divertir imenso.
- Podes ser sincero.
- Olha esta parte parece ser gira! – Diz virando o seu olhar para o ecrã.
- Podes responder-me sff! Sem medo! – Disse virando-lhe a cara ficando com os meus olhos postos nos seus. Ele começa a inclinar-se, vindo na minha direcção, o meu coração começou a acelerar, comecei a sentir um certo calor, via os seus lábios cada vez mais próximos dos meus…deixamo-nos levar…
- RÚBEN! PÁRA! – Gritei-lhe colocando uma mão no seu peito afastando-o. – Eu tenho namorado, lembras-te? Que é que estás a fazer?
- Ai desculpa, desculpa, onde é que eu tinha a cabeça, foi um erro, é melhor ir! – Disse envergonhado e levantando-se do sofá!
Carreguei no pause, agarrei-lhe no braço:
- Não espera! Não vás! Fica aqui comigo.
- Mas… e o que acabou de acontecer?
- Nada! Não aconteceu nada! Fomos apanhados numa situação de momento, e não peças desculpa, já passou, senta-te aqui, vamos acabar de ver o filme e esquecer o que aconteceu.
- Tens a certeza? Eu juro que não queiria…
- Eu sei! – Interrompi-o.
Rúben acabou por ficar voltando a sentar-se e ali ficamos.

terça-feira, 19 de julho de 2011

5º Capítulo - narrado por Mariza Martínez

Estava atrasadíssima! Acelerei ao máximo na minha moto adorada. Estacionei e rapidamente entrei no Estádio. Encontrei o Rodrigo:
- Olá, Espanhola. Como estás? – esboçando o seu típico sorriso velhaco. – Por acaso, não estás atrasada?
- Não me chames “Espanhola”! Quase que parece racismo. E sim, estou atrasada e ter uma palerma obcecado em fazer perguntas e a enervar a moi-même, não ajuda. – disse-lhe eu quase sem respirar, devido à caminhada rápida que eu fazia.
- O Vilaça já me disse o que tens de fazer hoje.
- Ai sim? E o que é?
- Tens de ir outra vez para o Parque de Estacionamento e o resto já sabes.
- Hum... tens a certeza que perguntaste mesmo ao Vilaça o que eu tinha de fazer?
- Wow! Essa foi a pergunta mais estranha que alguma vez me fizeram.
- Podes ir-te habituando, mas sim ou não?
- Sim, tenho a certeza que foi isso que o Vilaça me disse.
- E porque é que o fizeste?
Rodrigo fitou-me com os seus bonitos olhos cinzentos pensativos.
- A resposta é mesmo necessária?
- Ouve. Tu atiraste-me um balde de tinta para cima! Para te desculpar, tens de responder às minhas perguntas com total veracidade.
- Então, vou apenas dizer que gosto de te ajudar.
- Hum... – murmurei ao ver o seu rosto aproximar-se do meu... demais. Antes que acontecesse alguma coisa, pus-lhe a mão no peito, impedindo os seus lábios de tocarem nos meus. – Tenho de ir... – franzindo a testa. Tentei não pensar no que estava prestes a acontecer; tinha de trabalhar. Corri pelas escadas abaixo. Quando estava a chegar ao Parque, tirei o meu indispensável bloco de notas e uma caneta. Subitamente, fui derrubada por alguém que se movimentava a uma velocidade-luz.
Caí no chão, abanando a cabeça.
- Credo! Tem de ter mais cuidado! – exclamei eu e só depois olhei para corpo em minha fronte. Quando o fiz, corei. – Oh, perdóname.
- Que? Otra vez? – perguntou o rapaz dos olhos castanhos que não me saía dacabeça.
Eu ri-me baixinho, ainda envergonhada.
- Será o destino? – inquiri retóricamente.
O rapaz sorriu e estendeu-me a mão. Sem pensar duas vezes, depositei a minha mão na sua e ele agarrou-a firmemente, puxando-me para cima. Fui quase de encontro ao seu peito.
- Todavía no me  ha dicho su nombre.
Mordi o lábio.
- Também não me disseste o teu... vistes do Parque de Estacionamento?
- Sí.
- Então, preciso que me digas o teu nome para eu poder registar as entredas e saídas do Parque.
- Mi llamo Javi García.
Escrevi o nome dele no meu bloco de notas, tentando disfarçar o sorriso ao morder o interior da bochecha esquerda.
- Obrigada.
- Y el tuyo?
Ponderei se havia ou não de lhe dizer o meu nome... se dissesse, que diferença faria?
- Que diferença faria se eu te dissesse o meu nome?
- Era mejor... si usted me dijo su nombre, yo dejaba de pensar en usted como “la niña de los fascinantes ojos verdes”. – afirmou ele, suavemente.
- Pensas em mim?
Javi encolheu os ombros, fingindo-se despreocupado. Mas os meus olhos analisaram-no melhor, quase que penetrando na sua alma. Ele pensava em mim... e estava um pouco envergonhado por ter confessado esse facto. Será que ele pensava em mim tanto como eu pensava nele?
- Assim sendo... chamo-me Mariza Martínez. – respondi, esboçando-lhe um sorriso.
Ele piscou os olhos variadas vezes.
- Usted tiene un apellido español.
- Pois é, mas a explicação desse facto fica para outro dia. Tenho de ir trabalhar.
Depois, não sei o que raio me deu... por instinto ou tolice ou maluqueira ou estupidez ou... por estar talvez... embeiçada por ele, estiquei-me e os meus lábios carnudos afloraram-lhe a bochecha.
- Gracias por ayudarme. – e segui pelo corredor até ao Parque de Estacionamento. (...)
A tarde de trabalho passou-se muito depressa sem muita agitação; quer dizer, sem muita agitação nas entradas e saídas do parque, pois calmo não estava o meu coração, seguramente. Saí e dirigi-me ao parque exterior, onde a minha moto repousava.
Sentei-me nela, pensativa. Sabia que a minha mente não estava na Terra, andava completamente na Lua, por isso seria um desperdício de tempo ir à aula de Dança.
Liguei à Inês.
- Estou?
- Olá, Loirinha. Hum, onde estás?
- Estou em casa e tu?
- Vou agora sair do Estádio. Já percebi que não precisas de boleia.
- Não, não, hoje não preciso, obrigada.
- Ok...
- Vais à aula de Dança?
Suspirei profundamente.
- Não, hoje... não me sinto digna da aula.
- Estás bem, Mariza? Eu nunca te vi recusar uma aula que fosse...
- Pois não, mas...
- E que tal se eu for à tua casa, assim que vieres?
- Hum se não te importasses, preferia que fosse na tua.
- Oh claro, na boa, mas porquê?
- Não quero que a minha mãe ouça.
- Ah, está bem, então...
Interrompia:
- E que tal assim: eu vou para casa, treino um pouco sozinha e depois vou ter contigo?
- Está perfeito. Então, bons treinos e até já.
- Gracias... besos.
- Beijinhos.
E desliguei o telemóvel, acelerando na minha moto.
Já me encontrava em casa. Fechei a porta do quarto, apertei o cabelo e pus Break It Off de Rihanna a ressoar pelas quatro paredes do meu quarto. Praticava Hip Hop.
A minha mãe bateu à porta e abriu-a, repentinamente.
- O que estás a fazer, Mariza?!
Parei de me movimentar, paralisando.
- Responde, Mariza! Não estavas a praticar Ballet! O que raio é isso?
- Chama-se Hip Hop, mãe.
- Hip Hop?! Isso são danças de loucos! Tens de praticar Ballet! E porque carga de água não foste à aula?
- Não me estava a sentir muito bem...
- O Hip Hop não fará de ti uma bailarina linda e talentosa. Concentra-te, filha!
- Quantas vezes tenho de lhe dizer que NÃO QUERO SER BAILARINA?! – berrei.
- Tu! Tu não sabes as qualidades e potencial que tens! Disperdiçar tudo isso seria um crime! Agora... – respirando mais devagar. – vai calçar as tuas sapatilhas e faz as cinco posições e uma coreografia para eu ver.
Abanei a cabeça.
- Não tenho as minhas sapatilhas.
- Onde as deixaste?
- Na Academia.
- Então, vai buscar as novas. Estão no teu roupeiro numa caixinha.
- Mas... são novas!
- Pois são... E...?
- E vão magoar-me bastante os pés e eu nem sequer estive a treinar Ballet.
- Não quero saber. Se te aleijarem...
- ... vão-me aleijar!
- ... será o teu castigo. Assim, nunca mais voltarás a praticar algo que não seja Ballet ou Contemporâneo. Entendido?
Não lhe respondi. Ela foi buscar as sapatilhas ao meu roupeiro e eu calcei-as.
Sentou-se na minha cama.
- Um. Dois. Três. Um, dois, três e roda.
Obedeci-lhe contra a minha total vontade.
Quando acabei a coreografia principal do Lago dos Cisnes, deixei-me cair de joelhos; os meus pés já não aguentavam mais. Descalcei a merda das sapatilhas de pontas.
A minha mãe levantou-se e disse:
- Esta é a minha menina. Vou fazer o jantar.
- Não tenho fome.
Ela virou-se para mim e fitou-me.
- Isso é outro castigo? Agora da tua parte?
Pisquei várias vezes os olhos sem lhe responder.
- Eu compreendo. – e saiu do quarto.
Agarrei nas sapatilhas e lancei-as com toda a força que me restava contra a porta. (...)
Dei três baques na porta. Inês abriu logo. Mirou-me de alto a baixo, mas os seus olhos paralisaram ao esbugalharem-se, vendo o estado dos meus pés descalços nas frias escadas.
- O QUE É QUE TE ACONTECEU?!
- Posso entrar? – perguntei, rezando para que a minha voz não soasse a “estou quase a esvaziar-me em lágrimas”.
- Claro! – desviando-se para que eu passasse. Dirigi-me ao seu quarto. González saltou para cima do meu colo e eu fiz-lhe umas festinhas na cabecinha.
- Diz-me o que se passa, rapariga!
- Inês. Acho que estou a apaixonar-me!
Ela esbugalhou os olhos azuis.
- A sério? Mas isso é… ÓPTIMO! Por quem?
- Óptimo?
- Não estás contente?!
- Porque haveria de estar? Sou uma desgraça em relações! E não queria mesmo arruinar esta!
- Calma! O problema é que estás sempre pressionada pela tua mãe e o infeliz caso que ela teve com o teu pai… é só isso…
- E ainda dizes “só”…
- Não me disseste o que aconteceu aos teus pés.
- Estreei as novas sapatilhas de Ballet.
- És masoquista, só pode!
- Fui obrigada!
- Por quem?
- Pela minha mãe.
- PORQUÊ?!
- Porque eu estava a praticar Hip Hop.
Inês ficou um pouco baralhada.
- Qual é o mal nisso?
- Para mim e todos os outros? Não. Mas para a minha mãe tem e muito. Ainda anda com a ideia de eu ser uma bailarina profissional.
- A tua mãe devia respeitar as tuas decisões.
- Pois, mas pronto… Então, e como foi o teu dia? Como correu o trabalho de Ciências?
- Hum… correu pouco. – ri-se.
- Que quer isso dizer?
- Quer dizer que...
- Vá lá, Loirinha! Conta tudo! Com pormenores se houverem.
- Pode-se dizer que há pormenores...
- UI! Vá lá, conta antes que me rezes a missa pelo meu enterro de tédio.
- Credo! Bom, digamos que tive um certo episódio com o Rúben Amorim.
- Oh, o locco jugador del Benfica, huh. E o que aconteceu?
Inês levou umas mechas do seu cabelo loiro para trás das orelhas.
- Bem, eu pedi para ir à casa-de-banho...
- ... sempre com a bexiga apertada. – interrompendo-a, brincando com ela.
- ... e quando abri a porta, apanhei um susto do caraças!
Esbugalhei os olhos, somando dois mais dois!
- OH DIOS MÍO! Apanhaste o Rúben na casa-de-banho todo nu ou em boxers super curtos e super justos?!
Inês piscou os olhos várias vezes antes de explodir de frustração.
- Quase que pareces bruxa... vidente! Por acaso não foi em boxers... foi em toalha de banho.
- Oh, ainda melhor. Viste os vapores a saíram do seu corpo?
A minha amiga mordeu o lábio, completamente corada.
- Por acaso...
- Ah, eu sabia. – rindo-me da sua expressão facial.
Ela revirou os olhos.
- Agora a sério, Inês. Tu gostas dele?
- Eu?! Gostar dele?! Oh, não sejas tonta.
- Estou apenas a interpretar as tuas expressões quando falas nele.
Inês ficou pensativa, mas demos por encerrada aquela conversa, pois via que ela não estava disposta a admitir.
Passámos a noite toda a ouvir música; não me apetecia ir para casa...
Inês convenceu-me a dormir na casa dela, no seu quarto de hóspedes.
Vesti um pijaminha fofo dela e enfiei-me na cama. Quando Inês passou pela casa-de-banho deu um gritinho pelo qual eu faria chichi se tivesse vontade.
- Credo, chica! Me quieres matar del corazón?!
- Só agora me lembrei que não respondeste à minha pergunta!
- Qual delas?
- Por quem estás apaixonada?
- Tecnicamente, eu penso que estou apaixonada, o que é bem diferente de estar de facto.
- Não desvies a conversa, Espanholita!
Revirei os olhos. Suspirei, rendendo-me.
- Do Javi, pronto. Já disse! Satisfeita?
- Do Javi? Javi, quem? Não conheço.
Levantei a minha sobrancelha fatal.
- O Espanhol dos olhos lindos.
- OMG! Ele disse-te o nome dele?
- Eu precisei. – ao ver a cara de Inês, esclareci-a, de imediato – Precisei porque ele tinha entrado no parque de estacionamento e o meu trabalho era registar as estradas e saídas, por isso...
- Hum... bom, não vou insistir mais, estou cheia de sono e tu também deves estar.
Nem por isso... aliás, o meu cérebro não pára de funcionar... pensar em coisas que nem devia...
- Boa noite, Espanholita. Dorme bem. Adoro-te!
- Buenas noches, Loirinha. Obrigada e igualmente. Eu também.
E embrulhei-me nos lençóis, fechando os olhos para que ela pensasse que eu estava mesmo cansada. Inês voltou para o seu quarto.
Dava voltas e voltas na cama, sem me conseguir adormecer.
Subitamente, ouço o telemóvel de Inês a vibrar ao som de Bleeding Love não da versão da Leona Lewis, mas sim na versão de Jesse McCrtney.
Inês atendeu, meia ensonada, mas depressa arrebitou. Aposto que era o Fernando Torres.
- Hum, não faz mal. Não, não estava a dormir. Então como estás?
- Eu estou bem. A Faculdade? Não muito dura como pensava...
- Não tenho feito nada de especial e tu?
- Perdão? Eu... eu não sei bem ao certo.
- Sim, sim eu vi o teu sms.
- Não sei, porque... hum... não estava muito bem... para te responder...
- Desculpa... eu devia ter ao menos respondido.
- A sério?! – perguntou Inês, quase a gritar.
- Já este fim-de-semana?
OMG! O Fernando vem a Portugal?!
- Está óptimo, sim, sim! Eu depois envio-te um sms a indicar a morada.
- Sim... eu também tenho imensas saudades tuas.
- Okay... beijos. Amo-te muito! – e desligou.
Inês deitou-se na cama com um mega suspiro apaixonado.
Ai, fiquei confusa! Ela tinha um fraquinho por Rúben, não tinha? Ou tudo isto está acontecer por ela estar apenas vulnerável com a situação: niño Fernando ausente? Ao pensar nisso uns minutos, adormeci. (...)
Acordei às 6h30; deitei-me no chão a fazer abdominais e flexões.
Fui ao quarto da Inês; ela dormia profundamente, com a boca um pouco aberta. O González também respirava calma e profundamente.
Dorminhocos. Pus-lhe um bilhetinho na mesa de cabeceira.
“ Quando leres isto, provavelmente já estou vestida e em cima da moto à tua espera, por isso DESPACHA-TE! Ah, e obrigada por tudo ontem à noite “.
Desci as escadas e abri a porta. Fui directa ao meu guarda-roupa.
Escolhi um top branco e um casaco azul-escuro com rendinhas, umas jeans claras com alguns buracos, uns sapatos de cunha e uns colares pretos e brancos. Não sei como me aguentava em cima de uns tamanhorros saltos, mas ainda não me estava a queixar. Fiz uma sandes, vesti o casaco de cabedal para guiar a moto e saí de casa. Olhei para o relógio. 7h30.
Sentei-me na moto e comecei a comer a sandes. Estava a dar as últimas dentadas, quando Inês desceu as escadas do prédio.
- Estou aqui, estou aqui!
Montou na moto, agarrando-se á minha cintura, após por o capacete.
Chegámos à Faculdade num instantinho. Depositámos os livros nos nossos cacifos e fomos ambas para as aulas. Tentava evitar Rodrigo, escapulindo-me mal avistasse alguns cabelos loiros curtos.
Encontrei Inês à hora de almoço e aproveitámos para almoçar juntas.
Mauro veio juntar-se a nós, também. E (um grande “infelizmente) Rodrigo avistou-nos na mesa e sentou-se ao pé de nós.
- Acho que devíamos falar. – murmurou ele, pertíssimo de mim.
- Hum, está bem. Queres falar do quê? Como está o tempo hoje? Que livro é que eu ando a ler? Se o jantar te soube bem ontem à noite? Força, escolhe o tema. Estou ansiosa por discuti-lo.
- Sabes que não é disso que temos de falar.
- Então é do quê?
- Queres que fale sobre isso à frente desta gente?
- Esta gente são boas pessoas! Melhores do que tu!
- Oh, vá lá! Tu sabes que eles não são iguais a nós.
- Cómo?! Do que falas tu?
- Tu anseias por mim, porque eu sou o único que te posso dar o que querer.
- E o que é que quero?
- Liberdade. Gostas do facto de seres livre, sem compromissos... e eu – riu.-se. – Sou o mestre dos “sem compromissos”.
Levantei-me, furiosa, arrastando um pouco de comida do tabuleiro para o chão.
- ÉS UM PORCO! – e dei-lhe um estabefe na cara. – Afasta-te de mim!
Agarrei na minha mala e saí do refeitório. Inês correu atrás de mim.
- O que foi que se passou ali?!
- Nada, deixa, esquece, não importa.
- Importa sim!
- Eu... eu tenho de ir trabalhar.
- Mas, não comeste nada.
- Perdi o apetite. Queres boleia?
- Hum, não sei, depois logo te digo.
- Está bem. Bom resto de aulas.
E saí a correr.
- Bom... trabalho... – ouvi a sua voz a desvanecer-se atrás de mim.
Entrei de serviço; Outra vez no Parque de Estacionamento.
Passadas duas horas após a minha entrada no Parque, entrou um BMW preto.
Levantei-me da cadeira que rangia por todos os lados. Levei a caneta ao bloco de notas para anotar a matrícula e depois o nome do... condutor...
Ainda antes dele se virar para mim e se encaminhar para a porta de acesso, escrevi no bloquinho: Javi García, seguido da matrícula do carro.
Mordi os lábios a fim de parar com aquele sorriso parvo que estava a tomar posse da minha cara. Sorriso esse que se desvaneceu e deu lugar a uma expressão horrorizada, quando os meus ouvidos sofreram com o barulho irritante de quatro pneus da Audi ao andar a velocidades impróprias.
- O QUE É QUE SE PASSA AQUI?! – berrei.
Mirei de alto a baixo a linda rapariga que saiu do Audi branco e começou a barafustar com Javi.
- AHORA NO HABLAS?! – gritava com todas as suas forças a rapariga de cabelo pretos liso.
- Elena! Voy a trabajar! Y aqui no es el lugar para hablar.
- NO, NO. ES AQUÍ Y AHORA! – exclamava vermelha de raiva.
- Desculpe, mas tem de sair das instalações. – disse eu calmamente.
- CÁLLATE! Usted no tiene nada que ver com eso! TUERTA! – exclamou ela, pensando que eu não sabia o que “tuerta” queria dizer. Mas estava redondamente enganada.
Abri os meus olhos verdes, furiosa.
- Mira, mi niña! Yo trabajo aqui y lo que tengo responsabilidades aqui! – ela ficou surpreendida por ouvir as minhas palavras numa perfeita pronúncia Espanhola. Por instantes, passou-lhe pela cabeça se tinha aprendido a falar a sua língua, mas depois detectou um particular toque de Barcelona (a minha terra Natal). E eu já tinha percebido que ela do Sul. – Yo no te he insultado, solo dijo que tenía que salir. – e apontei para o carro dela, a fim de ela se ir embora.
Depois de deitar um longo olhar a Javi (que lhe virou as costas), dirigiu-se ao carro, abrindo a porta. Virei-me para Javi que estava bastante cabisbaixo. Murmurei o seu nome, facto que não escapou aos ouvidos de Elena.
- Te gusta de él?! Javi, ella es culpable?
- Qué quieres decir? – inquiri.
- Me hás dejado… para poder estar com ella? – perguntava ela, nas costas de Javi.
- QUÉ?! – berrei. – De qué estás hablando?
Elena fitou-me com os seus olhos castanhos-escuros a faiscarem.
- Pergúntele! – disse e entrou no carro, saindo do parque num ápice.
Quando me virei de volta, Javi já não estava lá. Saí do Parque e fui ter com o Sr. Vilaça.
- Sr. Vilaça, Sr. Vilaça!!!
- Calma, rapariga! Olha o teu coração.
- Deixe lá que ele já estava pior… preciso de um favor, Sr. Vilaça.
- Diz lá, se eu o poder fazer.
- Falta uma e hora e meia para eu me ir embora, mas posso sair mais cedo? POR FAVOR, POR FAVOR, POR FAVOR! – supliquei-lhe. (…)
Passados dez minutos já me encontrava sentadinha nas Bancadas do Estádio.
Senti o bom cheirinho a relva molhada. O Sr. Vilaça foi um querido para mim; deixou-me sair mais cedo para eu poder vir ver os treinos dos jogadores. Tinha mesmo de falar com Javi. Sabia que ele precisava de desabafar com alguém. Mas… só depois me pus a pensar. E porque raio haveria ele de querer desabafar comigo? Afinal, sou uma estranha, na qual ele embate várias vezes. Porque haveria ele de querer falar comigo? Hum, bem, eu fui a única pessoa que assistiu a toda aquela cena. E Elena tinha feito umas sérias acusações que eu gostaria que me fossem explicadas devidamente.
Os treinos já tinham começado à uma hora atrás… Javi tinha chegado atrasado.
Ele estava mesmo na Lua… mal corria atrás da bola, não percebia as boas jogadas que os colegas dele faziam…
Lembrei-me logo da Loirinha, mal vi que o Rúben Amorim foi o primeiro a sair dos treinos; deve estar desejoso de voltar para casa… pois sabe onde Inês está.
Javi foi o último a sair e eu corri pelas Bancadas abaixo e antes dele entrar no túnel disse-lhe.
- Acho que devias falar com alguém.
- De acuerdo… está usted listo para escuchar un español mareado?
Sorri-lhe com os olhos a brilharem.
- Estou mais do que pronta para ouvir um amigo que tenha de desabafar.
Ele também me sorriu e disse-me para esperar no parque exterior.
Assim o fiz. Sentei-me na minha moto à espera de ver o seu BMW preto.
Esperei quinze minutos por ele. Os meus olhos avistaram-no, finalmente. Vinha a pé.
Trajava umas jeans claras e uma t-shirt azul escura. Usava ainda um colar com duas chapinhas e uns óculos de sol. Fiquei triste por ele não me conceber o privilégio de mirar os seus olhos lindos, mas pronto. Ele convidou-me para lancharmos no Colombo.
Seguimos ao lado um do outro, juntinhos. O seu perfume desnorteava-me um pouco os pensamentos, mas eu tentei mantê-los bem definidos. Quando chegámos à pastelaria, ele tirou os óculos, passou a língua rosada pelos lábios, coçou o bigode (fiquei a pensar que era um dos seus tiques) e disse-me:
- Pérdoname. Usted do debería tener oído.
- Não faz mal…
- No, no. No deberías. Amigos no debería llevar a los estados de ánimo de las novias de sus amigos.
- Deixa lá… mas, porque raio estava ela a discutir daquela maneira?
- Por qué… ella no tení ninguna rázon para estar enojada… yo sí, tengo motivos para estar deceptionado.
- Então? Porque estás desiludido?
- Cuando le dije, a Elena, que vine a Lisboa, ella se puso furiosa. Dijo que era el mayor error de mi vida.
- Porquê?
- De hecho, ella no quería venir conmigo a Lisboa. Creo que se sintió obligada a venir. Y yo no queria que ella saliera de la obligación. Pensé que me han apoyado. Yo estaba equivocado.
- Eu compreendo a tua situação: se ela quisesse vir, era bem-vinda, mas jamais quererias que ela viesse contigo para Lisboa, contra a sua própria vontade.
Javi suspirou.
- Exactamente.
Mordi o lábio.
- Tenho pena do que tenha acontecido, mas vais ver que daqui a uns tempos vão-se perdoar um ao outro. Dá-lhe um pouco de tempo… ela vai perceber que não tomou a decisão certa.
Javi abanou a cabeça, entristecido.
- No, no va hacer eso. Ella está muy centrada en sus ideas. Y, para ser honesto, nuestra relácion no andaba muy bien.
- Não?
- No…
Detestava ver-lhe o semblante triste e aborrecido.
- Mas se calhar estás a desistir cedo demais…!
- Cómo?
- Sim, parece que a estás a deixá-la ir com muita facilidade.
Javi fitou-me profundamente.
- Tal vez estoy muy cansado de luchar por algo que no vale la pena. Tal vez solo quiero disfrutar el presente y olvidar el pasado.
- Qual será o porquê? É o passado que é mau ou é o presente que é muito bom?
Javi esboçou um sorriso que me fez ficar com calor.
- Es la segunda opción.
Sorri-lhe. Olhei para o relógio, só por olhar e foi preciso uma segunda olhadela para ver que horas eram. Estava atrasadíssima para a aula de dança.
- Oh, nem dei pelo tempo a passar! – levantei-me e pus a mala ao ombro – Tenho de ir andando.
- Por qué?
- Tenho aulas de Dança e até já estou um pouco atrasada.
- Bailas?
- Sim, Ballet, Contemporâneo e um pouco de Hip Hop.
- Estoy impresionado.
Ri-me.
- Bom, mas desculpa lá. Tenho mesmo de ir.
- Calma. Te puedo dar un paseo.
- Oh, não preciso obrigada. Vou na minha moto.
- Guías de una motocicleta?
- Sim…
- Estoy impresionado.
- Hum, já tinhas dito isso. – gracejando.
- Entonces… - tirou um cartãozinho da sua carteira e entregou-mo, tocando ligeiramente na pele dos meus dedos. – M número de teléfono móvil.
- Ah, hum, gracias. Eu depois mando-te um sms com o meu número, se quiseres.
- Quiero.
- Está bem… assim sendo, se precisares de alguma coisa, e só dizeres. – afirmei ao afastar-me.
- Mañana, trabajas?
- Sim, sim. – respondi-lhe já longe.
Cheguei à minha moto e enviei-lhe um sms, dizendo que aquele era o meu número.
Recebi um “ gracias por me escuchares “.
Enviei um “ de nada. Besos “.
Arranquei do passeio, sorrindo.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Roupas utilizadas para o 4º Capítulo

                                                              Roupa utilizada por Mariza

                                                                 Roupa utilizada por Inês

Song's*4


Mariza&Javi


Inês&Rúben

4º CAPÍTULO - narrado por Inês Oliveira

Eu continuava deitada na cama da Mariza sem tirar por um único segundo os meus olhos do telemóvel, não conseguia parar de ler a sms do Fernando. Eu já a devia ter lido umas 300 vezes, mas ficava sempre sem saber o que responder ou sequer se o devia fazer.
- Loirinha… Loirinha… - Chamava-me a Mariza.
-Desculpa, que estavas a dizer?
-Tou com uma sensação de que esta tarde ficas-te com alguma coisa para me dizer? Porque não paras de olhar para o telemóvel? E não digas que não é por nada, porque eu conheço-te.
-Sim, é verdade, não vou mentir. É que… - Os meus olhos encheram-se de lágrimas naquele momento e a Mariza abraçou-me.
- Ohh Loirinha, então?
- Eu não consigo viver assim, gosto tanto dele Espanholita.
- Tem calma. Que aconteceu? Foi o Torres?
Limpei as lágrimas e sentei-me na cama.
- Euu…ho…je…recebi..uma…mensagem…do…Fernando. – Dizia eu a soluçar, enquanto tentava controlar o choro.
- E que dizia?
Dei-lhe o telemóvel.
- Que querido. E tu a pensares que ele já se tinha esquecido de ti. Mas porque estás assim tontinha?
- Pois, mas eu tenho tantas saudades dele. E essa mensagem fez-me lembrar as nossas férias, os nossos momentos.
Mariza voltava a abraçar-me mais uma vez, mas este abraço é interrompido, quando a mãe dela nos chama para jantar.
Jantámos, eu já estava bem mais calma. Peguei nas minhas coisas e ia de saída para a minha casa.
- Ficas bem Inês?
- Fico. Obrigada Mariza.
- De certeza? Se quiseres ficar cá a dormir…
- Não, a sério, não é preciso obrigada. Até amanhã. Obrigada pelo jantar.
Já em casa. Deitada em cima da cama, ia lendo vezes e vezes sem conta, e comentando com o pequeno González qual a melhor decisão a tomar, qual a coisa certa a fazer?! Estava tão cansada que acabei por adormecer.
No andar de baixo, a história era diferente. A Mariza continuava acordada, e tão cedo não iria adormecer, pois não conseguia parar de pensar naqueles olhos castanhos chocolate e naquele sotaque Espanhol.
Já eram 8:20h estávamos a percorrer os corredores da escola, eu devia estar com umas olheiras enormes e a Mariza não tirava aquele sorriso “parvo” da cara. Íamos em direcção aos cacifos quando ouço alguém a chamar-me:
- Inês, Inês…
(virei-me) - Olá Mauro.
- Olá então como estás? Não pareces muito melhor, e isso assim não pode ser.
- Nota-se muito? Desculpa aquela cena de ontem, não tinhas nada a ver com isto e tiveste que levar comigo, desculpa a sério.
- Desculpa porquê? Não tens de pedir desculpa, e quando precisares, epá, aqui tou eu! Eu é que peço desculpa pelo meu irmão. Ele é sempre a mesma coisa.
- Ahah, Obrigada. (Sorri) Também não tens de pedir desculpa, mas fui apanhada de surpresa, confesso.
- O que é que eu vi aí? Um sorriso! Boa! É assim que quero ver sempre. Mas tas a dizer que foste apanhada surpresa, há e eu não, queres ver?
(Ambos rimos.)
- Temos de combinar continuar o trabalho. – Disse o Mauro
- Sim claro. É quando puderes, e onde quiseres.
- Por mim continuamos logo.
- Sim tá óptimo e onde?
- Pode ser outra vez na minha casa, se não te importares.
- Eu não, mas tens a certeza que não há mal?!
- Nenhum, vamos é com certeza apanhar o parvinho do meu irmão e as suas cenas a achar que tem piada, enfim. Então fica combinado?
- Claro, encontramo-nos ao portão no final das aulas?
- Sim, vá até logo. Quero continuar a ver-te com esse sorriso.
- Vou tentar, prometo.
(demos dois beijinhos e foi cada um para a sua sala)
Passou-se o dia na escola, e fui há procura da Mariza, para ver se hoje não se “esquecia” de mim.
- Hey! Mariza, espera. – Dizia eu numa correria enquanto tentava alcançar a Mariza, que mais uma vez ia cheia de pressa.
- Inês, olha tenho mesmo que me despachar que tenho de ir já para o estádio.
- Mas tu não te cansas?
- De quê que estás para aí a falar?
- Dessa tua vida, sempre inquieta.
- Há, não, por acaso nem me faz diferença, uma pessoa acaba por se habituar, mas diz.
- Como é logo? Vou ter contigo outra vez ao estádio para irmos para casa?
- Sim claro. Vá, agora tenho mesmo de ir, beijinhos.
- Até logo, manda comprimentos ao bonitão espanhol. – Disse eu concluindo com uma forte risada.
- Oi, vamos? – Disse Mauro, aproximando-se vindo de trás.
- Ai que susto! Sim vamos.
(Chegámos a casa do Mauro)
- Está alguém em casa? – Gritava ele, no fundo das escadas.
- A sério?! Não podias ter feito isso ontem?!
(Ambos rimos)
Já estávamos há aproximadamente 1hora no quarto do Mauro, de volta de livros, engalfinhados em folhas, e em pesquisas para o trabalho, quando ouvimos a porta da entrada a bater.
- CHEGUEI! – Gritou o Rúben do fundo das escadas.
- Pronto já começou, preparada para o circo? – Disse o Mauro direccionando-se a mim
- Hã? que queres dizer com circo?
- O palhaço chegou!
- Hó não digas isso coitado, ele ontem pareceu-me bem simpático.
- Simpático é, mas não és tu que tens de aturar todos os dias as palhaçadas dele. Mas hoje até que é capaz de te fazer bem, a ver se te animas.
O Rúben bate há porta e entra:
- Mano, tudo bem? Olá Inês, como estás? (dirigindo-se a mim dando-me dois beijinhos)
- Olá, estou, obrigada.
- Bem vou para o meu quarto, estou cansado do treino, se precisarem de mim estou na porta ao lado.
- Vamos continuar o trabalho? Ou queres fazer uma pausa para comer alguma coisa? – Perguntou o Mauro.
- Pausa para comer alguma coisa parece-me bem.
Descemos as escadas e fomos até há cozinha, enquanto o Mauro preparava umas sandes e uns sumos, pedi-lhe para ir há casa-de-banho. Subi as escadas, segui pelo corredor, ia distraída a reparar nas fotos, cachecóis, bandeiras e coisas do género pendurados nas paredes, coloquei a mão na maçaneta, rodeia lentamente para a direita, sem sequer pôr em questão que poderia estar lá alguém, abro-a, nem queria acreditar no que os meus olhos viam. Deparei-me com o Rúben só com uma toalha há volta da cintura, com pequenas gotículas de água a escorrerem-lhe pelo corpo e a largar vapor ainda:
- Ai desculpa, não sabia que estavas aqui, desculpa, desculpa, vou-me já embora.- Dizia eu muito nervosa enquanto tapava os olhos, fechava a porta, só pensava num buraco bem fundo para lá me meter enquanto percorria o corredor em direcção ás escadas.
O Rúben abre a porta, vem a correr atrás de mim, com uma mão a agarrar na toalha e a outra agarrou-me pelo pulso:
- Hey espera, eu já estava de saída, podes ir.
- Desculpa a sério, eu juro que não fiz de propósito, não fazia a mínima ideia de que estavas lá dentro, e … - desculpava-me enquanto mantinha uma mão a tapar os olhos.
- Calma, calma, não tem nada de mal (ria-se) até teve piada a tua cara, mas olha – Agarrou-me na mão que estava a tapar os olhos – A sério não tem mal nenhum, não ias adivinhar que eu lá estava, podemos dizer até que foi uma situação bastante engraçada.
- É, e constrangedora também. – De repente reparei no formato musculado e atlético que era o corpo do Rúben, era como o de Fernando, e naquele momento fiquei pasmada, sem respiração, estática, … Só pensava nele, e na nossa última noite em Espanha. – É melhor ir andando. – Disse enquanto dava meia volta e ia em direcção das escadas.
- Mas não ias há casa-de-banho?
- Perdi a vontade.
Já na cozinha:
- Mauro importas-te que continuemos o trabalho noutro dia?
-Não claro que não, mas está tudo bem? Foi o meu irmão? Não me digas que recebes-te outra …
- Nada disso, é só que tenho mesmo de ir.
- Tens a certeza? É que Inês, estás super pálida. Bebe este copo de água.
- Estou bem, acho. Mas não tenho sede obrigada, vou indo. Depois como qualquer coisa – Falava eu meia atrapalhada sem saber bem o que dizer. – Vou buscar as minhas coisas lá a cima.
- Ok, queres que vá contigo?
- Não é preciso, deixa, fica aí a lanchar.
Subi novamente as escadas, entrei no quarto do Mauro, peguei nas minhas coisas, e já de saída do quarto:
- Então já vais? – Disse-me o Rúben aparecendo nem sei bem de onde.
- Parece que sim.
- Mas não vais por causa do que aconteceu há um bocado pois não?
- Porque dizes isso?
- Hó não sei, ficas-te tão atrapalhada, que pensei … Esquece! Mas se fores embora por causa do que aconteceu não vás, já disse que não tem mal nenhum, são coisas que acontecem.
- Só a mim pelos vistos.-Sussurrei. -Não, tenho mesmo que ir, tenho uma pessoa há minha espera.
- Ahhh já percebi tudo.
- Hã?! Percebes-te o quê? – Fiquei ainda mais confusa e baralhada do que a minha cabeça tola já estava.
- Por isso é que ficas-te super nervosa há um bocado, por causa do teu namorado.
- Namorado? Que namorado? De que é que estás para aí a falar? – Comecei a tremer, balbuciar e a pensar que o Mauro já lhe tinha contado tudo a cerca do Fernando.
- Então, aquele com quem vais ter agora, não disseste que tinhas alguém há tua espera? E por isso fizes-te aquela cena de há um bocado, já podias ter dito, eu compreendo, mas deixa que não conto a ninguém. Fica um segredo só nosso. (Piscou-me o olho.)
- Ahhh, nãoo, percebes-te tudo mal, não é nada disso, vou ter com uma amiga ao estádio porque ela está lá a estagiar, para irmos para casa. – Dizia eu muito mais aliviada.
- Humm, então não tens namorado? – Insistia o Rúben.
- Não! Quer dizer… espera, que tens a ver com isso? – Perguntei-lhe erguendo a sobrancelha esquerda.
- Nada, só curiosidade, mas agora deixei-te nervosa, confessa.
- Olha desculpa, a conversa está óptima, mas tenho mesmo de ir. Adeus.
- Hey, então vais assim?
- Assim como? – Eu já não estava a perceber nadinha.
- Chega aqui sff.
Pensei: Uiiii não podia vir dali nada de bom, mas alguma coisa era só gritar estava lá em baixo o Mauro e eu tinha um monte de livros na mão.
Aproximei-me dele, ele de mim, e deu-me um beijo tocante no rosto. Fiquei a olhar pasmada para ele sem saber o que dizer.
- Agora já podes ir, ou pensavas que ias sem te despedires, vemo-nos amnhã?
- Acho que agora tenho mesmo de ir, adeus.
Desci rapidamente as escadas, sem saber muito bem o que tinha acabado de acontecer.
- Até amanhã Mauro.
- Levas tudo? Espera vou aí abrir a porta.
- Sim, acho que sim. Não te incomodes, deixa-te ficar aí sentado a lanchar, vemo-nos amanhã na escola, Adeus.