quinta-feira, 21 de julho de 2011

6ºCapítulo - narrado por Inês Oliveira

Enquanto a Mariza passava por tanta coisa no estádio e fora dele, eu estava como sempre em casa do Mauro no seu quarto para continuarmos o nosso trabalho de ciências.
- Já estamos quase a acabar. E vai ficar cá um trabalho, vamos ter alta nota. - gabava-se o Mauro.
- Ya acho que tens razão, tive sorte no parceiro, não podia ter calhado melhor.
- Era só para avisar que já cheguei! – Diz Rúben enquanto entra pelo quarto a dentro. – Up’s não sabia que estavas acompanhado. Hoje tomei banho lá no estádio. – Dizia enquanto me lançava uma piscadela.
- Que é que interessa se já tomas-te banho ou não?! Há alguma coisa que me está a escapar? – Interrogava-se o Mauro sem perceber nadinha.
- Não, nada, o teu irmão não sabe o que diz!
- Não?! Olha que sei mais do que aparento e não pareço ser o único. Vá não incomodo mais.
Foi-se passando uma grande parte da tarde sempre ali, eu e o Mauro no quarto dele a fazer o trabalho e o Rúben no quarto ao lado, sabe-se lá a fazer o quê!
Até que o Rúben bate há porta e a abre repentinamente:
-Hey puto, o jogo vai começar, como é? Vens ver? – Disse invadindo o quarto.
- Aichhh já nem me lembrava, opa acho que sim. – Dizia o Mauro a olhar para mim.
- Podes ir, podes ir. Sendo assim vou andando.
- NÃO!! – Gritaram os dois irmãos ao mesmo tempo.
Ri timidamente.
- Então? – Questionei eu.
- Podes juntar-te a nós, já vi que gostas de futebol, mas só se quiseres claro. – Retorquiu o Rúben.
- Sim acho que dá, posso ficar mais um pouco.
Descemos as escadas em direcção há sala, Mauro sentou-se numa ponta do sofá, eu sentei-me a seu lado, enquanto Rúben acendia a televisão, e punha tudo a postos para o jogo. Já estava no canal certo, e aguardava-mos o inicio da partida.
Nem reparei que equipas iam jogar, nem estava para aí virada em saber. Foi dado o apito inicial a bola já rolava em campo. Olhei pareceu-me ver uma pessoa familiar, mas não … não podia ser.
- Hei, quem é aquele com a braçadeira de capitão da equipa azul?!
- Fernando Torres. – Respondeu automaticamente o Rúben.
FERNANDO QUÊ?! NÃO PODE SER, LOGO AGORA, AGORA NÃO, AI MEU DEUS – Pensava eu.
Mauro sem mais demoras olhou para mim, eu estava estática, pálida, e antes que as lágrimas de saudades começassem a escorrer pela minha cara levantei-me rapidamente subi as escadas e entrei no quarto do Mauro onde as minhas lágrimas acabavam por me escorrer pela cara a baixo com tão grande aperto no peito, de tantas saudades que o preenchiam.
- Esqueci-me completamente, idiota pá! – Dizia o Mauro enquanto levava a mão há cabeça e se levantava.
Rúben segurou-o:
- Onde vais mano? Que acabou de acontecer? Disse alguma coisa que não devia?
- Nada disso, a culpa não é tua, eu é que me esqueci, é melhor ir lá falar com ela.
-Não deixa, eu vou.
- Mas tu não sabes o que aconteceu.
- Por isso mesmo estou preocupado. – E antes que Mauro voltasse a dizer mais alguma coisa já Rúben estava numa correria até ao quarto do seu irmão.
- Posso entrar? – Perguntou o Rúben num tom pacífico espreitando pela porta entreaberta depois de lhe ter dado uns breves toques.
- Claro! – Disse enxugando  as lágrimas.
- Que acabou de acontecer? Inês estás a chorar? Que foi miúda? Ai meu deus, fui eu não fui?! Disse alguma coisa que não devia?
Não conseguindo segurar o choro, acabo por levar as mãos há cara e o Rúben aproxima-se de mim ‘embrulhando-me’ num abraço quente.
- Não chores Inês. Que aconteceu? Se quiseres falar eu estou aqui, só não chores. Peço por tudo, custa-me tanto ver-te assim. Estou a começar a ficar preocupado.
- Desculpa, a sério, ai que vergonha, Obrigada Rúben, mas acho que é melhor ir embora. E… Não fiques preocupado.
- Desculpa porquê? Vergonha do quê? Inês! Se choras alguma coisa é, e não te deixo ir sem me dares uma boa explicação!
- Odeio que me vejam a chorar, se eu te contasse nunca irias acreditar…
- Não sabes se não tentares, só estou de ouvidos. Anda senta-te aqui. 
Sentámo-nos na cama do Mauro frente a frente um ao outro eu contava-lhe a minha história em Espanha, o sms que recebera há uns dias e de como o seu irmão tinha descoberto desta história, o telefonema que recebera ontem deixando escapar umas lágrimas de vez em quando.
-Então? Não dizes nada? Eu sabia que não ias acreditar.
- Não é nada disso, eu acredito só que... Vou-te confessar que não estava há espera, é que ninguém diria, e passaram bem despercebidos, bem mas isso não interessa, Desculpa a minha boca grande, não devia ter dito para ficares a culpa é toda minha, desculpa.
- Não tens de pedir desculpa tonto, não podias adivinhar, e a culpa não é tua, e eu agradeço pela preocupação e por me tares para aqui a ouvir.
- Hó eu continuo a achar que a culpa é minha mas pronto!
(ri)
- Tens horas?!
- Sim! – Olha para o relógio – 22:40h.
- Ai meu deus, e agora como vou para casa? A esta hora não há autocarros, onde é a estação de táxis mais próxima?
- Que estação de táxis? Eu levo-te!
- Levas nada, não posso aceitar, já perdes-te o jogo por minha causa, não nem pensar, eu cá me arranjo.
- O Mauro depois diz-me o resultado mas isso é irrelevante, eu levo-te e ponto final! Acabou aqui a conversa! E não aceito um Não!
- Ok ok, mas só desta vez, já vi que não dás escolha.
Agarrei nas minhas coisas, descemos ate ao hall de entrada onde estava o Mauro num estado de nervos.
- Como estás Inês? Desculpa, desculpa, desculpa, eu esqueci-me completamente, estás bem? O que é que tiveram tanto tempo a falar, ele já sabe?
- Calma, calma. Está tudo bem, obrigada Mauro, sim já sabe, qualquer dia publico num jornal. (rimos) Bem agora tenho de ir andando que já está a ficar tardíssimo.
- Olha mano vou levar a Inês a casa, os pais não devem tardar a chegar, diz-lhes que já venho. Até já, um abraço.
- Mais uma vez obrigada Mauro.
Demos dois beijinhos de despedida.
- Vai com cuidado! – Dizia Mauro para o Rúben.

Já há porta do meu prédio:
- Obrigada Rúben, por tudo.
- Obrigada? Vais ter de recompensar um dia destes. Ficas bem?
- Fico. – Disse cabisbaixa.
- Hummm, de certeza?! Inês eu não te deixo aqui sozinha sem saber que ficas mesmo bem.
- Podes ir. – Dizia eu enquanto procurava as chaves na mala. Quando me deu uma leve tontura com tanta emoção.
- Hei Inês, então?! – Diz Rúben enquanto num alerta máximo me segurava por trás para que eu não caísse.
- Eu estou bem, podes ir, isto já passa.- Disse eu com os olhos entreabertos ainda agarrada pelo Rúben.
- Não consigo, nem posso ir e deixar-te aqui assim.
- Obrigada Rúben. Nem sei como agradecer. Queres subir?
- Claro, eu ajudo-te. – Deu-me a mão enquanto subíamos as escadas.
Entrámos, e veio logo ao nosso encontro o pequeno González.
- E quem é esta coisinha fofinha? – Dizia o Rúben enquanto fazia uma voz confesso que medonha.
- É o meu gato, o González. Queres beber alguma coisa?
- Se já te sentires melhor faço-te companhia em algo, o que me ofereces?
- Bem acho que neste momento é, água ou … água.
- Bolas, agora deixaste-me indeciso, acho que prefiro água, pode ser?
Ambos riamos, muito despertos já por volta das 23:15h
- Não tenho sono, tu tens?
- Não, mas estou muito mais contente por ver que estás com esse sorriso lindo de volta e já tens uma corzinha.
-Ai não digas disparates. Apetece-me ver um filme, que achas?
- Não é um pouco tarde? Bem…eu não tenho nenhum compromisso, por mim, aceito, vamos lá ver um filme então.
- Senta-te aí no sofá, fica há vontade que vou buscar o filme.
Não queria nada deprimente afinal eu queria era alegrar, e já bastavam de coisas tristes, coloquei então uma comédia romântica. Troce uma manta, instalei-me no sofá ao lado do Rúben e ali ficamos.
- HAHAHA, não acredito, ela não disse aquilo! – Ia-me rindo e fazendo os meus próprios comentários do filme. – Não vais levar isso vestido?! Não agarres no copo com isso nas mãos… Oh não!
Olhei para o Rúben que por sua vez me mirava com aqueles seus grandes olhos castanhos estaticamente quase sem pestanejar.
- Porque me olhas assim? Ai desculpa, estou outra vez a falar com o filme, eu prometo que me calo.
- Não, deixa, podes falar ah vontade, até dá mais piada ao filme. – Diz rindo-se.
- Achas? Oh a sério eu vou calar-me. Estás a achar uma seca não estás?!
- Nada disso estou-me a divertir imenso.
- Podes ser sincero.
- Olha esta parte parece ser gira! – Diz virando o seu olhar para o ecrã.
- Podes responder-me sff! Sem medo! – Disse virando-lhe a cara ficando com os meus olhos postos nos seus. Ele começa a inclinar-se, vindo na minha direcção, o meu coração começou a acelerar, comecei a sentir um certo calor, via os seus lábios cada vez mais próximos dos meus…deixamo-nos levar…
- RÚBEN! PÁRA! – Gritei-lhe colocando uma mão no seu peito afastando-o. – Eu tenho namorado, lembras-te? Que é que estás a fazer?
- Ai desculpa, desculpa, onde é que eu tinha a cabeça, foi um erro, é melhor ir! – Disse envergonhado e levantando-se do sofá!
Carreguei no pause, agarrei-lhe no braço:
- Não espera! Não vás! Fica aqui comigo.
- Mas… e o que acabou de acontecer?
- Nada! Não aconteceu nada! Fomos apanhados numa situação de momento, e não peças desculpa, já passou, senta-te aqui, vamos acabar de ver o filme e esquecer o que aconteceu.
- Tens a certeza? Eu juro que não queiria…
- Eu sei! – Interrompi-o.
Rúben acabou por ficar voltando a sentar-se e ali ficamos.

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