quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

20º CAPÍTULO - narrado por Inês Oliveira

Encaminharam-nos para um enorme salão, com enumeras mesas, cheias de aperitivos e bebidas. Ao fundo da sala estava uma pequena banda preparada para começar a tocar música ambiente, entretendo os convidados que estavam a entrar para o salão. Estavam todos animados e muito elegantes. A Mariza estava mais radiante que nunca, na presença dos 2 homens da sua vida: Javi e Alejandro. Estava prestes a sentar-me quando me interromperam o movimento:
- Antes de mais, estás linda. – Elogiou-me o Rúben meio tímido.
- Obrigada. – Agradeci receosa.
- Podemos falar?
- Claro. – Respondi surpresa.
- Eu quero pedir-te desculpas por tudo, pelas atitudes que tenho tomado, pelo idiota que tenho sido, tu não merecias que eu te tivesse tratado como tratei…
- Oh Rúben…
- … Espera deixa-me acabar! Eu sei que não fizeste por mal, eu é que falei o que não devia, só faço é porcaria, o erro foi meu, e mais uma vez peço desculpa. – Lamentava-se cabisbaixo.
- Ok.
- Ok?! Só dizes isso? Não me vais bater, empurrar, gritar ou chamar nomes? – Disse surpreendido.
- Achas?! Ai que tonto. – Ri-me. - Oh Rúben, sabes bem que a culpa não foi tua, e já falamos disto no outro dia, já passou. Já estava com saudades desses teus disparates. Amigos?! – Estendi-lhe a mão.
A cara dele ao ouvir esta última palavra não foi a melhor, mas esforçou por esboçar um sorriso retribuindo o aperto de mão.
- Amigos!
- Ei pessoal, cês têm de provar isso aí, esses aperitivos estão muito maneiros. – Apareceu o David com um pratinho cheio de salgadinhos.
- Oh Puto, bora lá então. Inês, vens?
- Sempre a comer. - Ri. - Não me apetece, vão vocês.
- Pera aí! Parou tudo! Tou perdendo alguma coisa? Já tá tudo numa boa entre vocês?
- Claro puto. Sabes que eu não consigo ficar muito tempo chateado com alguém. Muito menos com a rapariga do meu coração. – Dizia o Rúben sussurrando esta última frase ao David.
- Há, ta bom. Tava vendo que não, Já não era sem tempo!
- Mas bora ou não comer?! – Dizia o Rúben cheio de pica, e muito mais animado.
- Eu não tenho fome, vou ficar por aqui.
- Como não tem fome?! Cê já comeu alguma coisa? – Começou o David com o interrogatório.
- Não, ainda não comi, agora não tenho fome.
- Ah não, nem pense, cê lembra do que o médico falou? Vem comer sim.
- Que história de médico é esta? Inês está tudo bem? Estás doente?
- NÃO! Isto é o David a exagerar. – Acalmei o Rúben. Virei-me para o David - PÁRA! Quantos anos é que achas que eu tenho David?! Sim o médico disse o que disse, sim disse naquele dia, agora já estou bem ok?!  Não preciso que te preocupes mais! JÁ CHEGA! – Dito isto, saí dali deixando os dois amigos sozinhos.
- Tshi… Mano? Que cena foi esta agora?
- Nada não manz. – Respondeu o David abatido.
Fui-me sentar bem longe do Rúben e do David, mas a troca de olhares, entre mim e aqueles dois, era inevitável. Até que o Alejandro decidiu vir sentar-se a meu lado:
- Está todo bien? – Perguntou-me ele.
- Está e contigo? Como estão as coisas lá por Espanha?
- También. Están bien. Y como está Fernando? Ya no hablo con él hace mucho tiempo. Tengo que ver se le conecto un día de estos.
- Ahhh… - Engoli a seco. Baixei a cabeça, respirei fundo e voltei a olhar Alenjadro. – Nós…Já não estamos juntos.
- Oh perdóname Inês, no fue mi intención. – Lamentou-se.
- Não faz mal. Já foi a algum tempo. Agora se me dás licença, vou até lá fora apanhar ar. Até já.
Levantei-me e dirigi-me até a um enorme jardim no exterior, que ficava atrás do salão. No meio do enorme jardim, cheio de lindas flores e grandes arbustos estava uma bela cascata. Estava parada, mas ainda assim era linda. Sentei-me na sua borda enquanto contemplava o meu reflexo na sua água.
- Posso fazer companhia?
Levantei os olhos lentamente e mirei o rapaz que falava comigo:
- David, que susto! Claro que podes.
- Olha, me desculpa pelo que eu falei há um bocado, mais é só que, eu fico preocupado com você, me custou tanto da outra vez vê-la lá, que não quero que aconteça de novo.
- Sim, eu sei. Eu também exagerei, não devia ter gritado contigo daquela maneira.
- Tá tudo bem com você? Parece meia desanimada.
- E estou, mas passa rápido. – Disse libertando um tremelique durante um breve sorriso.
- Tá com frio de novo?! Cê é bem friorenta né? Lá no Brasil é que cê tava bem. Toma. Pega meu casaco. – Dizia o David tirando o seu casaco e colocando-o sobre os meus ombros. Ao colocar o casaco em mim, David tinha os dois braços há minha volta, fazendo com que os nossos corpos estivessem bem perto. Assim que os nossos olhares se encontraram, as nossas caras começaram a aproximar-se mais, e mais. O Rúben já andava doido há nossa procura quando nos encontro naquele preciso momento. Só lhe veio há cabeça uma coisa, e que não o deixava satisfeito. Desiludido, magoado e furioso, saiu dali a correr. Sentia-se traído pelo seu melhor amigo, magoado pela rapariga que amava, … Nenhum de nós deu pela sua presença. Estávamos demasiado concentrados naquele momento. Estava prestes a acontecer uma explosão de química, quando a fonte começa a funcionar. Viramos as nossas caras para ela, era simplesmente magnífica. Contemplámo-la por um tempo.
- Acho melhor irmos para dentro antes que dêem pela nossa falta. – Quebrei o momento.
Levantei-me, retirei o casaco de mim e entreguei-lho. Encaminhei-me para o salão seguida de David. Avistei a Mariza e fomos ter com ela:
- Inês? Que estás a achar da festa? Estás a gostar David? – Dizia ela super contente.
- Sim, estou a adorar. Por acaso não viste o Rúben?
- Vi. Ele acabou de se despedir e saiu daqui a correr! Porquê? Ai não me digas que discutiram outra vez?
- Não não, já está tudo bem felizmente. Opa mas agora fiquei preocupada, será que se passou alguma coisa?
- Não sei, ele só disse que se tinha lembrado de uma coisa para fazer e foi-se embora. Mas porque não lhe ligas?
- Olha, boa ideia, é isso mesmo que vou fazer.
- Não á de ser nada. Vai lá.
Fui buscar a minha mala, tirei o telemóvel e marquei o nº do Rúben, com o David sempre ao meu lado, preocupado também.
- Está a chamar. – Disse-lhe eu. – Não atende!
- Tenta dji novo. – Pediu o David.
- Ok. – Voltei a marcar o nº, Mas novamente sem sucesso. O David tentou depois do dele mas o Rúben sempre sem atender. Começamos a ficar preocupados até que o David disse:
- Deve tar sem bateria. Amanhã lá no treino eu falo com ele.
Tentei não pensar muito no assunto e o David fez o mesmo, juntamo-nos ao resto dos convidados. A noite continuou animada e com muita conversa. Já era tarde, e já muitos dos convidados se tinham ido embora, por isso fui-me despedir da Mariza, do Javi e do Alejandro que eram os únicos que ainda lá estavam e saí juntamente com o David. Ele levou-me a casa e seguiu caminho para a dele.
No dia seguinte levantei-me e preparei-me para ir para a UNI. Apanhei o autocarro e fui para as aulas. Como tinha prometido, David depois do treino foi falar com o Rúben, que foi o 1º a entrar nos balneários:
- Ei Manz, tudo bem? Cê saiu cedo ontem da festa.
O Rúben passou pelo David fazendo de conta que não o tinha ouvido.
- Ei Rúben?! Cê ouviu?
- Epá deixa-me! – Disse o Rúben zangado para o David.
- Manz?! Que cê tem?! – Ficou o David preocupado.
- O que é que eu tenho?! Pfff… Tens cá uma lata. Devias ter vergonha nessa cara. E se fosses esperto nem voltavas a falar comigo.
- Rúben?! Cê é meu melhor amigo cara. Que aconteceu p’ra cê tar assim desse jeito?
- Epá, a sério?! Nunca pensei David! Juro que não! Foste uma grande desilusão!
- Mais que é que eu fiz?! Rúben fala comigo! Pelo amor dji Deus! – Disse o David desorientado, levando as mãos há cabeça.
- Oh David, com tanta gaja, e tu tinhas de. . . Nem quero voltar a pensar!
- E eu tinha de…? – Ficou ali um silêncio por uns segundos. – Ahhh… o quê? Cê acha que eu e a Inês…? Tá doidão ou quê?!
- Não tou não. Ninguém precisou de me dizer nada, eu vi tudo!
- Oh Rúben, eu sou seu melhor amigo, cê acha mesmo?! Mas você viu o quê? É que não pode ter visto nada se não aconteceu nada.
- Não mintas David! Eu fui há vossa procura e eu vi muito bem, vocês os dois, juntinhos lá no jardim. Caramba, podiam-me ao menos ter avisado. Escusava eu de ter andado este tempo todo a fazer figura de parvo. Deves tar todo contente tu. Agora é que estou a perceber, o otário aqui fui sempre eu! Olha mas ainda bem que foi assim, agora não preciso de perder mais tempo com nenhum de vocês. – Disse arrumando as coisas e indo em direcção há saída dos balneários.
- Mas Rúben, cê entendeu tudo mal …
- E há … - Disse virando-se para trás. – Espero que sejam muito felizes!
- Manz . . . – Disse o David quase a chorar, pensando ter perdido o seu melhor amigo, tentando alcança-lo. Mas foi interrompido por Javi, que assistira a tudo, e o agarrou pelo braço.
- Tienes que haber tranquila. Él ahora está muy molesto, no va a oír nadie. Le da tiempo. Pero aconteció aún alguna cosa?
- Não Javi. Acha? Bolas, ele é meu melhor amigo. Não tou acreditando que isso tá acontecendo. Vou arrumar minhas coisas e vou falar com a Inês.
- Pues, yo tampoco creía que le hicieras alguna cosa. Va allá entonces. Yo estoy torciendo para que corra todo bien.
- Valeu Javi. Tô indo.
David entrou no carro, e veio directamente até minha casa.
Eu já tinha saído da Universidade a algum tempo, ouvi tocar a campainha e abri a porta:
- David?! Por aqui?! Está tudo bem? Entra.
- Ai Inês, cê tem de me ajudar. – Falava o David desesperado, e muito nervosa.
- Calma, calma. Que aconteceu? Eu vou-te buscar um copo de água.
- Não preciso de nada, obrigada. Eu só quero resolver tudo o mais rápido possível.
- Mas resolver o quê? Não estou a perceber nada. – Dizia eu desorientada.
- É o Rúben. Eu não quero perder meu melhor amigo.
- Como assim perder? – Disse espantada. – Que aconteceu David?! Estou a ficar preocupada.
- Cê tem dji falar com ele. Podji ser que a você ele ouça.
- Eu?! Porquê eu?! Ai David diz logo!
- Ele tá bravo com a gente porque diz que ontem nos viu lá no jardim, e ele ficou achando que havia algo.
- O QUÊ?! Mas ele passou-se ou quê? Eu não acredito, logo agora que estava a ficar tudo bem outra vez. – Fiquei triste. – Levas-me a casa dele sff?
- Claro, vamo?!
- Sim sim. – Fui ao meu quarto buscar a mala, desci com o David, entramos no carro, e lá fomos nós. Estava receosa do que poderia acontecer naquela conversa, aliás estava mais receosa ainda por pensar que o Rúben nem quisesse falar comigo.
- Chegamos. Eu espero por você aqui no carro.
- Tens a certeza? Se tiveres alguma coisa para fazer podes ir.
- Não não, eu fico aqui há sua espera.
- Ok, obrigada. Vou lá então. – Saí do carro e toquei há campainha.
- Inês?! Que fazes por aqui?! Que eu saiba não temos nenhum trabalho para fazer!
- Ahah. Tanta piada Mauro. Mas o assunto que me trás aqui é outro. O teu irmão está?!
- Uii… Está, mas não sei se é boa ideia ires falar com ele, tá de mau humor.
- Pois é por isso que cá estou. Posso entrar?
- Claro, o meu irmão está no quarto dele, fica á vontade.
Subi as escadas a tremer, a pensar no pior daquela conversa. Bati há porta.
- Que é que queres Mauro? – Refilou ele de dentro do quarto.
- Não é o Mauro. – Respondi. Imediatamente ele veio abrir a porta:
- Que é que estás aqui a fazer?
- O David já me contou tudo.
- Oh claro, tinha de ser. Que lindos.
- Pára Rúben! Eu vim aqui para resolver as coisas. Estou farta de discussões, de conflitos, estás a ser muito injusto com uma pessoa que não fez nada de mal. Caramba, ele é o teu melhor amigo, e tu desconfias dele assim sem mais nem menos…
- Sem mais nem menos não! Eu vi-vos Inês. Ninguém me contou nada. Eu só começo a ficar farto de ser brinquedo nas tuas mãos. Divertes-te assim tanto ao fazeres o que fazes?!
- Oh Rúben, OUVE!! Tu estás a ouvir aquilo que estás a dizer? Há e como é que dizes que viste alguma coisa se não aconteceu nada. Eu só tenho pena que estejas a dizer essas coisas, eu sei que estás magoado, mas ao dizeres isso, magoas outras pessoas também, aliás pessoas inocentes, pessoas que gostam de ti, e que só te querem bem. Rúben, Olha p’ra mim. Achas que depois de eu tentar que ficasse tudo bem entre nós, eu ia fazer alguma coisa que estragasse isso?! Eu adoro quando estamos bem, riu-me imenso contigo, divertimo-nos imenso. Eu não estou aqui para te julgar ou insultar, ou brincar contigo como tu dizes, e se quiseres nunca mais me falar, tenho pena, muita pena mesmo, mas só te peço que fales com o David e lhe peças desculpas por o teres julgado. Ele está muito mal com isto tudo, e eu também, não queria separar dois melhores amigos, pff só te peço que fales com ele, e esclareçam tudo. Não te chateio mais. Vou indo.
- Inês espera! – Disse agarrando-me no braço. – É mesmo verdade que não aconteceu nada ontem há noite?
- Claro que é Rúben. Eu só estava um bocado em baixo, e o David foi falar comigo, mais nada. Nós tínhamos acabado de ficar tão bem, achas mesmo que eu queria que voltássemos ao mesmo?
- Não, desculpa Inês. Fui um parvo outra vez, não me consegui controlar.
- Não é a mim que tens de pedir desculpas, mas sim ao David. Se quiseres aproveitar, ele está lá em baixo no carro.
- Sim, vou fazer isso mesmo. Não quero perder o meu melhor amigo, seria uma estupidez.
- Pois seria, vai lá. – Abracei-o. – Obrigada por me ouvires.
- Eu é que agradeço por me fazeres ver que eu estava errado, o David não merecia, e tenho de ir já emendar isso!
Desceu as escadas a correr, e durante horas ficaram a falar. Eu fiquei com o Mauro durante esse tempo. Eles entraram, mais amigos que nunca e fomos todos lanchar.
- Nunca mais repita essa gracinha, cê ouviu?
- Claro que não puto. Nunca mais mesmo! Que susto.
- Bem, já passou. – Disse eu sorridente. – Bem, fico muito feliz por já estar tudo bem outra vez, a conversa está muito boa, mas tenho de ir.
- Já?! – Perguntou o Rúben. – Queres que te leve?
- Tem de ser. Não não, fica aí a aproveitar com o David, eu apanho um táxi. Assim que chegar aviso não te preocupes. Até amanhã meninos. Até amanhã despediram-se os 3.

8 comentários:

  1. Muito bom!
    Este triângulo Ruben-Inês-David é de "morte" ;)
    Continuem

    Bjokinhas
    Mariaa
    http://mariaainwonderland.blogspot.com

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  2. Oi! LI agora a sua fic e estou ansiosa por mais... Gostei muito!
    Beijos*

    PS: Também já sigo este blog para poder ler mais a tua fic...

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  3. Obrigada Anónimo, Mariaa, Joana #14 e juu pacheco pelos vossos belos comentários. Tentaremos postar em Breve. Esperemos que continuem a gostar, a ler e comentar.
    Beijinhos♥

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  4. Olá :)
    Concordo com a Mariaa este triângulo amorosa é demais:P
    Fico há espera de mais.
    Beijinhos
    Rita
    http://umanovadefinicaodeamor.blogspot.com/

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  5. Olá Rita :D
    Como sempre adorámos o teu comentário, obrigada :)
    Beijinhos♥

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  6. Maravilhoso...

    Quero mais... Tou curiosa para ver o proXimo capítulo...

    Continua...

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