domingo, 13 de novembro de 2011

19ºCAPÍTULO - narrado por Mariza Martínez

Virei-me para o outro lado da cama, já meio acordada, tentando que a minha mão alcançásse algo. Voltou vazia. Abri os olhos e sentei-me a olhar para o lado da cama, onde supostamente Javi devia estar. Não era nada habitual ele levantar-se mais cedo do que eu. Hoje era Sábado, portanto não havia aulas, mas mesmo assim, seria um dia em pêras. Ouvi uns barulhos pelo corredor e decidi embrulhar-me no lençol branco, continuando sentadinha a espreitar os primeiros raios de Sol que penetravam pela janela. Segundos depois, apareceu Javi com umas boxers azuis escuras e com o peito descoberto.  Trazia um tabuleiro com o pequeno-almoço.
- Buenos días! – saudou ele com um largo sorriso.
- Bom dia. – Javi pousou o tabuleiro no seu lado da cama e veio ter comigo dando-me um beijo. – Hummm, sabes a café. – Ambos rimo-nos.
- Aquí tienes tu desayuno.
- Estou a ver. Obrigada. – Javi colocou o tabuleiro em cima das minhas pernas, cuidadosamente. Olhei para ele com grande minúcia. – Há algum motivo especial por me teres trazido o pequeno-almoço à cama?
Javi desviou o olhar e mordeu o lábio. Não gostei daquela reacção. Fiquei preocupada.
- O que se passa, Javi?
Quando finalmente olhou para mim, respondeu:
- Lo siento, pero... no puedo ir ver su show.
O bocadinho da torrada que tinha mastigado e engolido, caiu mal no meu estômago.
- Porquê? – perguntei baixinho. – Pensava que só tinhas jogo na Terça-Feira...
- Sí sí, pero... quería hacer unas obras aquí en casa.
- Obras? Mas está algo danificado?
- No, no. Quiero una mesa de billar en el sótano.
- Uma mesa de bilhar?! – não sabia que Javi gostava de bilhar.
- Sí.
- E não podes fazer isso amanhã?
- Los trabajadores no trabajan los domingos.
- Hum, tens razão... – concluí, triste.
- Estás enojada conmigo, Mariza?
Esbocei um leve sorriso.
- É impossível ficar chateada contigo por causa de uma coisa tão insignificante. Só pronto, estou um bocadinho triste por não ires ver o meu primeiro espectáculo desde que namoramos... – Javi ía falar, mas eu interrompi-o. – Mas, não faz mal. Espero que este seja o primeiro de muitos espectáculos, por isso, oportunidades não hão-de faltar. – dei-lhe a mão. – E podes ir à festa depois do espectáculo?
- Sí-sí! Debe estar listo.
- Óptimo! – continuei a comer, enquanto Javi me fazia festinhas nos cabelos longos.
(...)
À tarde, vesti-me e dirigi-me à moto. Javi saiu de casa. Aproximou-se de mim e elevou-me no ar, como uma criança.
- Brilla, de acuerdo?
Sorri-lhe.
- De acuerdo.
Abraçámo-nos. Javi levou a mão ao bolso das calças e tirou uma caixinha. Abriu-a.
Eram uns pequeninos brincos de prata em forma de borboleta. Adorei-os.
Javi pediu para me virar e fez questão de ser ele a pô-los nas minhas orelhas. Já tinha prática, pois ele próprio tinha um furo numa orelha. Quando já estavam postos nas orelhas, ele sussurrou junto ao meu pescoço:
- Ellos te ayudan a volar.
- Obrigada. – beijei-o com intensidade.
Montei na moto, pus o capacete, disse-lhe adeus e fiz-me à estrada.
Ía direitinha à Academia, onde todas as minhas roupas e vestido para a festa estavam.
Não iria levar a Inês. Ainda faltavam duas horas para o Espectáculo e além do mais, ela seria escoltada pelo Cavalheiro David Luíz. Eu tinha como convidados: a minha mãe, a Inês, o David, o Rúben, o Jardel, a Gabriela, a Ana Luisa Silva, a Romanella, o Saviola e... o Javi, mas ele não ía. Portanto, tinha um lugar livre ao qual ninguém ia ocupar.
Tristeza...
Cheguei à Academia e dirigi-me à sala de espactáculos. Mirei o enorme palco, que horas mais tarde iria pisar. Os assentos estavam vazios, claro, mas desejava que daqui a algumas horas estivessem cheios de gente a aplaudirem. Esperava que na primeira fila estivessem os meus convidados... e o meu namorado... mas o último pedido, já era mesmo pedir de mais. Suspirei e fui para os bastidores. Neles o nervosismo e a euforia eram Rei e Rainha. Vesti um fato de treino, atei o cabelo e fui para o palco ensaiar as minhas coreografias.
(Duas horas e meia depois...)
Já tinha embelezado o meu penteado, posto um batom vermelho nos lábios, vestido a minha primeira muda de roupa (um fato de ballet branco) e calçado as minhas sapatilhas. A D. Alice (a Sra. Das limpezas) andava de um lado para o outro.
Os meus colegas pediam-lhe para ir ver ao palco se na plateia estavam presentes os seus familiares e amigos. Depois de satisfazer todos os pedidos dos meus companheiros, a D. Alice veio ter comigo.
- Então minha querida, estás nervosa?
- Um pouco. – fazendo uma careta.
- Não estejas. És linda e uma excelente bailarina. Ainda me lembro de ti a entrares pela porta da Academia, muito nervosa, com apenas cinco aninhos.
Sorri ao lembrar-me daquele dia.
- Obrigada, D. Alice. Agradeço-lhe muito.
- Vi a tua mãe e a Inês na primeira fila.
- A sério? Ainda bem. – suspirei de alívio.
- Sim, a primeira fila está cheia...
- Cheia?! Com... 10 pessoas?
- Sim-sim.
OMG! Quem seria?!
(...)
Os bailarinos já estavam a postos, formando dois grupos em lados opostos para simbolizar as famílias de Julieta e Romeu. O namorado do Ricky, o “Romeu” estava ao meu lado e ambos esperamos que a cortina vermelha subisse.
Mal a cortina subiu o suficiente, os meus olhos varreram a primeira fila da Sala de Espectáculos. Estavam todos lá. Menos o Javi... embora o seu lugar estivesse ocupado...
Uma pessoa que me dilatou o coração. Tinha tantas saudades dele. O meu irmão estava lá...
Comecei a ouvir a música da dança e logo desempenhei o meu papel.
Fui mudar quatro vezes de roupa, as coreografias estavam a correr lindamente e o público parecia gostar. No final, senti-me no auge da glória. Senti que não podia ter dado mais de mim. Senti que tudo tinha corrido muito bem. Senti que a minha alma também palpitava de emoção, se calhar até mais do que o meu próprio corpo.
Terminámos o espectáculo e o público aplaudi-nos de pé. Senti lágrimas inundarem-me os olhos. Agradecemos ao público fabuloso e fomos para os bastidores.
Entrei no meu camarim que já abarrotava de flores. Lírios, as minhas flores preferidas. Quem as mandou? O Javi. Cheirei algumas, sorrindo e desejando ao mesmo tempo estar a cheirar o perfume de Javi. Despi-me e logo vesti o vestido que tinha comprado para a festa. Optei por apanhar todo o meu cabelo para o lado esquerdo, formando canudinhos rebeldes que caíam pelo peito e costelas. Dei uns retoques na maquilhagem. Ouvi alguém a bater à porta. Calcei os sapatos cor de cinza que combinavam com o vestido e abri a porta. Era Inês, seguida do David, com um enorme ramo de rosas brancas.
Demos um gigante abraço emocionado, enquanto David me enchia de elogios, assim como a minha melhor amiga. Entraram a Romanella, o Saviola, o Jardel, a Gabriela e a Ana Luisa Silva (acompanhada da sua inseparável máquina fotográfica); todos eles me felicitaram pelo bom espectáculo. Passados algum tempo, entrou a minha mãe que chorava grossas lágrimas.Disse-me mil vezes: tenho tanto orgulho em ti!
Fui buscar todas as minhas forças para evitar uma choradeira.
De seguida, a minha mãe e a Inês (as restantes pessoas no camarim), foram-se embora para dar lugar à maior surpresa da noite.
Atirei-me para cima do Alejandro, assim que ele pôs os dois pés no camarim.
- Oh, maninho! Tive tantas saudades tuas!!!
- Hey, hey, hey! No eche a perder su maquillaje! – rindo-se. – Yo también...
- Como sabias do espectáculo?!
- Fue el Javi.
He venido a ser una sorpresa para Lisboa. Cuando llegué a casa, su madre me dijo que estabas en casa de Javi. Él me dio la dirección y número de teléfono de él. Fue él quien me dijo sobre el show y fue él quien tuvo la idea me vino a ver, en lugar de hacerlo usted mismo.
- UAU! Os meus meninos sempre a surpreender-me. – fazendo-lhe uma festinha na cara.
Continuámos abraçados, quando, de repente, se ouvem três toques na porta do camarim.
- Entre!
A porta abriu-se; era o Javi com um smoking, lacinho preto, uma argola de prata na orelha, um sorriso estonteante no rosto e mais um ramo de lindos lírios.
Alejandro disse que nos ía dar uns minutinhos e disse para nos prepararmos para a festa.
Saiu e Javi apertou-me nos seus braços. Agradeci-lhe mil e uma vezes e dei-lhe mil e dois beijos, mas que pareciam não chaciar o meu profundo agradecimento.
Unimos as nossas mãos e fomos para o salão onde se ía realizar a festa.

6 comentários:

  1. ADORO a vossa história, escrevem lindamente.
    É totalmente viciante :D
    beijinhos*

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  2. Olá :)
    uhmmm gostei mesmo muito :D
    E tal como a Mariana já estou viciada :P
    Fico há espera de mais um,e espero que venha rapidinho ;)
    Continua sim?
    Beijinhos


    http://umanovadefinicaodeamor.blogspot.com/

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  3. Olááá... :D

    Muito obrigada Mariana e Rita pelos vossos comentário :')
    Ainda bem que estão a gostar e tentaremos postar o mais rápido possível. Esperemos não vos decepcionar ♥

    Beijinhos grandes para as duas, e mais uma vez, obrigada ♥

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  4. maravilhoso... espectacular...

    quero mais...

    continua...

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  5. ahhh finalmente :D
    estava cheia de saudades da história! cada vez gosto mais *.* e cada vez fico mais ansiosa em ler o proximo capitulo.
    continuem com o excelente trabalho.
    beijo.

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  6. Obrigada Ana.
    Obrigada juu pacheco: pedimos desculpa pela demora mas prometemos que assim que pudermos publicaremos um novo capitulo. Esperemos que gostem e continuem a ler e a comentar. Os vossos comentários, são muito importantes para nós. Bjs ♥

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