quarta-feira, 12 de outubro de 2011

18ºCAPÍTULO - narrado por Inês Oliveira

Hoje era uma daquelas manhãs em que não me apetecia minimamente levantar da cama, nem se quer acordar. Nunca tinha visto o Rúben tão zangado, sou tão idiota. Eu tinha de falar com ele o quanto antes, e a bem ou a mal ele iria ouvir-me. Levantei-me, vesti uma roupa prática, fui para a UNI com a Mariza. Chegadas lá, cada uma foi para a sua aula. Era hora de almoço e eu por hoje já tinha terminado as aulas, ia a sair do portão da escola:
- Hey Inês! – Chamaram-me. Voltei-me e reparei que era o Mauro. –Vais almoçar?
- Olá. – Cumprimentámo-nos. – Vou sim, já acabei por hoje. E tu?
- Também, olha não queres ir almoçar lá a casa? Aproveitamos e fazemos os trabalhos de amanhã. Que achas?!
- Hum.. Não sei se é boa ideia ir lá a casa.
- Pois o meu irmão anda um bocado insuportável. Aconteceu alguma coisa?
- Eu aceito ir contigo e pelo caminho conto-te tudo.
Lá fomos nós andando, chegamos a sua casa, entramos, pousei as minhas coisas no sofá da sala e fomos directos há cozinha. Eu observava todos os lados, todos os cantos, para me certificar que o Rúben não aparecia.
- Então a culpa é minha? Cabeça a minha, tinha logo que deixar o telemóvel em casa.
- Não Mauro. A culpa não é tua, assim que ouvi a voz do teu irmão devia ter desligado logo, nem sei porque fiz aquela idiotice. Nunca pensei que ele levasse tão a sério.
- Nem tu, nem eu. Ele é todo brincalhão, leva tudo na descontra, da maneira como o conheço ia compreender quando lhe contasses, agora essa atitude não é definitivamente do Rúben que eu conheço. A não ser que…É OBVIO! DAH! Bem eu ao inicio pensava que era só para de divertir aliás como sempre é, mas agora tudo faz sentido…
- Podes explicar-me de que raio estás para aí a falar?! – Disse confusa.
- Então o meu irmão é aquele tipo de: “Sou muita bom, e todas gostam de mim”, anda com todas tas a ver?!
- Sim estou. – Revirei os olhos. – Mas onde queres chegar com isso?
- Desde que te comecei a trazer cá a casa, ele começou a ficar estranho, notei até que se começou a meter contigo, mas isso é dele, brincar com toda a gente, agora a cena de se oferecer para te levar a casa, a calma dele no jantar, as vindas mais cedo depois dos treinos… pensei que fosses mais uma das suas conquistas, mas afinal é sério.
Engasguei-me com o que acabará de ouvir. Quer dizer 1º o David diz que ele gosta de mim, óbvio que não acreditei, depois a irmã, fiquei na dúvida, agora o irmão e depois do que o Rúben me disse no parque de estacionamento fiquei sem dúvida alguma. Coitado, eu brinquei com os sentimentos de uma pessoa. Sou um monstro! Que pessoa horrível faria uma coisa assim? Eu! Claro, nunca acerto uma…
- Inês…Alô?! - Chamava-me o Mauro.
- Eu não acredito, sou horrível, não tinha o direito de fazer uma coisa destas ao teu irmão, não tinha.
- Hó não foi por mal, e vais ver que não tarda já nem se lembra e já partiu para outra. É sério, mas passa-lhe rápido.
Bem o irmão conhece-o se diz que passa, as suas palavras tranquilizaram-me um pouco mais. O Mauro serviu o almoço numa pequena bancada que estava centrada na cozinha, mas sentia-me tão mal que nem comer consegui.
- Inês come. – Dizia-me ele. – Se não comeres é pior. Faz-te mal. Precisas de te alimentar.
Até parecia a minha mãe a falar. Que saudades eu tinha dela. Nesse momento entra o Rúben, olha para o seu lado direito e vê-me ali junto do Mauro. Ouvi a porta a bater, virei-me para ver quem era. O meu coração caiu-me aos pés assim que encarei a expressão facial que Rúben mostrava ao olhar para mim. Sentia-me a pessoa mais horrível do mundo. Rapidamente ele desviou o olhar, subiu as escadas numa correria e trancou-se no quarto. Num passo acelerado fui atrás dele. Bati há porta:
- Rúben, temos de falar!
- Baza, já não brincas-te o suficiente?! Ou vieste aqui para gozar outra vez com a minha cara?! – Disse revoltado.
- Não é verdade. Não digas isso. – Não consegui segurar e uma pequena lágrima começa a deslizar pelo meu rosto. – Por favor abre a porta. – Disse com a voz a tremer. Ele abriu-a mas sem nunca me encarar.
- Por favor Rúben, tens de me ouvir.
- Força, diz. Mas não demores muito que tenho mais que fazer. – Disse cabisbaixo.
- Eu compreendo que tenhas ficado chateado. E acredita que estou bastante arrependida, assim que ouvi que eras tu não devia ter dito nada, mas disse, foi uma brincadeira parva que me custou um bom amigo. Rúben só peço que não fiques chateado comigo, foi tudo uma enorme estupidez.
- Já acabas-te?! – Disse num tom de voz fria. Parecia até que não tinha ouvido nada daquilo que tinha dito.
- É só isso que tens para me dizer?
- Se já acabas-te podes ir embora. – Disse sem me olhar uma única vez.
Ia para falar, mas antes que voltasse a sair algum disparate, mantive a boca bem fechada. Segurei ao máximo as lágrimas que suplicavam sair dos meus olhos, sem dizer mais nada retirei-me.
- Inês?! – Olhou-me seriamente.
- Diz. – Fiquei há espera de uma resposta que me tirasse aquele aperto que transportava no peito.
- Quando saíres fecha a porta. – Disse com os seus olhos fixados nos meus. Ao ouvir aquelas duras e frias palavras caiu-me tudo. Tinha feito mesma asneira desta vez. Mas o que eu via nos seus olhos não era a frieza que ele queria transparecer, eu conseguia ver que por trás daquela dureza toda ele me estava a esconder dor e desilusão. Depois de breves instantes de silêncio, sai, fechei a porta e desci as escadas.
(- Sou tão idiota. Porque é que eu não a perdoei, custava muito?! Nunca me senti assim. Bolas! Senti-me tão feliz ao ouvi-la dizer aquilo ao telefone e afinal era tudo uma fantochada. Mas aqueles olhinhos azuis inundados de lágrimas que ela tentou esconder de mim, ai custou-me tanto. Se calhar fui demasiado duro com ela. Mas também que conversa foi aquela: “custou-me um bom amigo.” A sério? A SÉRIO? Isso doeu mais que qualquer outra coisa. Eu não acredito que pela primeira vez que gosto de alguém a sério é assim, ela não quer nada comigo. -Lamentava o Rúben sozinho no seu quarto.)
- Então como correu a conversa? – Perguntou o Mauro.
Olhei-o sem saber o que dizer.
- Tou a ver que não correu bem.
- Desculpa, mas não me apetece falar nisso agora, eu vou só…- Não aguentei e deixei as lágrimas que há muito as aguentava nos meus olhos, caírem. – Eu vou indo. – Disse agarrando nas minhas coisas.
- Não te posso deixar ires assim, nesse estado. Senta-te aqui um bocado e quando tiveres mais calma vais.
- Eu estou bem, a sério. Bem, vou indo. E mais uma vez desculpa.
- Desculpa de quê?
- Por estar sempre a chorar. És sempre tu que me apanhas nestes momentos. – Disse meia envergonhada.
- Oh que tonta. Não é vergonha nenhuma chorar, aliás só faz é bem, não tens de pedir desculpa. Vá agora vai com calma e com muito cuidado.
- Obrigada. – Abracei-o. Até amanhã. – Despedi-me, e ele fez o mesmo. Saí, ao fechar a porta voltei a cair em lágrimas, estava a custar mais do que imaginava, comecei a caminhar pela rua até chegar á paragem de autocarros ali perto. Ia a atravessar a estrada, mas estava tão mal que nem me lembrei de olhar, ouço uma travagem brusca, viro a cabeça e vejo um carro parado quase em cima de mim. Arregalei os olhos, entrei em pânico, o meu coração começou a palpitar fortemente, um rapaz sai apressadamente do carro e vem na minha direcção. Ainda estava em choque só conseguia pensar nas palavras frias do Rúben.
- Cê tá bem? – Perguntou-me o rapaz do carro. – Inês?! Que cê faz aqui?
- David? – Disse com fraqueza não aguentando mais e acabando por desmaiar. Os braços fortes do David agacharam-se rapidamente e impediram o meu corpo de cair ao chão. O facto de quase ter sido atropelada, o Rúben estar zangado comigo e não ter almoçado deixaram-me fraca, sem forças, que acabaram por me levar ao desmaio.
- Inês? Inês? Acorde! Por favor. – Chamava-me o David. Ligou aos bombeiros, estava nervoso, não sabia mais que fazer.
Comecei a abrir os olhos lentamente, estava deitada no chão, ainda com o David a segurar-me:
- David? Que aconteceu? – Perguntei, ainda atordoada. Tentei-me levantar.
- Calma calma. Não se mexe, não tarda vem aí a ambulância buscar você.
Passados poucos minutos apareceu a ambulância:
- É esta a rapariga que desmaiou? Você é o namorado dela? – Perguntou um dos bombeiros.
- Não não sou só amigo.
- E vai acompanha-la?
- Eu tenho aqui meu carro eu sigo vocês.
- Ok.
O David agarrou em mim e sentou-me numa cadeira fofa que estava na ambulância. Via tudo destorcido e doía-me imenso a cabeça. Chegamos ao hospital os bombeiros sentaram-me numa cadeira de rodas para que pudesse ser transportada porque ainda estava bastante fraca. Os bombeiros disseram para onde tínhamos de nos dirigir e o David encarregou-se de me levar até lá. O médico mandou-nos entrar. Fiquei de frente a ele, e o David sentou-se numa cadeira ao meu lado. Os bombeiros já tinham explicado ao médico o sucedido por isso o médico veio logo na minha direcção com uma pequena máquina.
- O que é que vai fazer com isso? – Perguntei assustada.
- Calma, vou-lhe só medir a sua tenção. – Acabou de medi-la. – Pois era o que eu suspeitava. Teve uma quebra de tenção. Tem os níveis de açúcar muito baixos. E está com o estado nervoso muito alterado, por isso vou-lhe receitar uns calmantes e tem de se alimentar devidamente. – Disse o médico enquanto passava a receita dos comprimidos.
- Cê tá maluca?! Não me diga que também entrou naquela maluqueira da mania das dietas?!
- Nãoooo, nada disso. Foi só umas coisas que aconteceram e fizeram-me perder o apetite.
- Não é desculpa…
- Aqui está a receita. Fique de olho nesta menina. – Disse o médico.
- Ta bom Sr. Doutor, eu vou ficar sim. Muito obrigada. – Agradeceu o David pegando na receita. Eu já estava bem melhor, por isso levantei-me e lentamente eu e o David dirigimo-nos á saída. Entramos no seu carro e ele levou-me a casa.
- Obrigada pela boleia, e desculpa qualquer coisa.
Ele saiu do carro e veio até mim.
- Onde vais? – Perguntei eu.
- Certificar-me que cê vai comer.
- Oh David não sou nenhuma criança, já podes ir eu já estou bem.
- Vai abrir a porta ou não?! Só vou embora depois de ter visto você comer.
- Ai que chato. – Resmunguei. Abri a porta e ambos subimos. – Entra, e fica a vontade. Se vires uma coisa cor-de-laranja pela casa, não te assustes é o meu gato.
- Ah Tá bom, mais á vontade só fico depois de você comer!
- Tás a brincar não?!
- Eu? Você é que tá brincando com coisas sérias. Tem de se alimentar.
- Está bem, está bem, vou já já comer. Queres alguma coisa paizinho?
Não teve como conter o riso.
- Tou bem obrigado.
Dirigi-me há cozinha seguida de David. Ele estava a levar as palavras do médico demasiado a sério. Acabei de comer:
- Já comi, satisfeito?
- Não fez mais que sua obrigação. É para o seu bem. Mas sim, estou bem mais satisfeito.
- Já me viste comer, agora já podes ir embora.
- Nossa, você quer assim tanto me ver pelas costas?!
- Oh nada disso, muito pelo contrario. Só acho que já te macei o suficiente por hoje.
- Nunca é maçada nenhuma tar com você. – Por breves instantes paramos novamente e nos olhávamos fixamente. Aqueles olhares de certa maneira mexiam comigo, com o meu ser. - Cê parecia meia baralhada antes da ambulância chegar, aconteceu alguma coisa? – Interrompeu o silêncio.
- O Rúben ainda não falou contigo?
- O Rúben? Sobre o quê?
- Estou a ver que não, então foi assim… - Comecei a contar a história do telefonema e as consequências que ele trouxe. - …E pronto, agora o Rúben não me fala, nem há frente me quer ver.
- Não diz isso não. Isso passa-lhe depressa, acredita.
- Duvido. Ele está mesmo, MESMO chateado comigo.
- Amanhã eu falo com ele no treino. Mas agora não pensa mais nisso, não se preocupe.
- Obrigada David. – Abracei-o. Ele retribuiu. Estava um enorme silêncio na sala, quebrei o abraço. Ao desfazer-me dele toquei com o cotovelo no comando que estava pousado em cima do sofá e esse cai ao chão. Atrapalha baixei-me para o apanhar, David fez o mesmo. As nossas caras estavam a centímetros de distância, a sua cabeça começa lentamente a vir em direcção há minha, fecho os olhos e deixo-me levar pelo momento. Estávamos agora a míseros milímetros de nos beijarmos, já sentia o calor dos seus lábios, a respiração da sua boca, quando somos interrompidos pela campainha. Levantei-me, o David sentou-se no sofá, fui abrir a porta.
- Loirinha. – Disse a Mariza mais alegre que nunca.
- Que fazes aqui Espanholita? – Perguntei nervosa.
- Ah muito tempo que não temos daquelas conversas só nossas e um tempinho para nós, por isso decidi aparecer. Foi má ideia?
O David entretanto levanta-se e vem juntar-se a nós há porta.
- Ééé.. Eu acho que vou indo.
- David?! – Disse Mariza surpresa. – Que fazes aqui? Não te vais embora por minha causa pois não?
- Não não, eu tava já dji saída. – Deu-me dois beijinhos, fez o mesmo com a Mariza. – Ah e não esquece de fazer o que o médico mandou tá bom?! Fui. – Despediu-se.
- Agora é o David? Mas não era o Rúben? Vais já contar-me o que ele fazia aqui! E que história era aquela do médico? – Questionava-se a Mariza.
- Calma, calma, calma! Uma pergunta de cada vez, mas entra e senta-te não vamos ficar aqui há porta. – Entramos e fomos para a sala. – 1º Não é David nem Rúben, porque já te expliquei montes de vezes que agora são só os estudos. 2º Ele estava aqui porque eu desmaiei e foi ele quem me levou ao médico…
- Pera pera, TU QUÊ?
- Já está tudo bem. Eu é que ainda não tinha almoçado por causa do Rúben, fui falar com ele e tá tudo na mesma. Desta vez fiz asneira e das grandes. Acabei por me enervar de mais e pronto, o resto já sabes. Então e tu?
- Eu o quê?
- Novidades?
- Claro loirinha, ainda nem tive oportunidade de te contar. Não é que eu estava lá no estádio, a estagiar e apareceu a Ana Luisa Silva…
- Quem?! – Interrompi.
- Uma fotografa. E ela convidou-me para pousar para um programa.
- WUOU, que máximo. A minha melhor amiga vai ser famosa.
- Ai não exageres, e ontem o Javi foi jantar lá a casa.
- Não posso, como é que a tua mãe reagiu?
- Foi ela que o convidou!
- A sério?! Só surpresas. Muito me contas.
O telemóvel da Mariza começa a dar sinal de mensagem. Era do Javi (só podia).
- Bem Loirinha, o meu amor está a chamar-me, vou ter de ir, ficas bem?
- Vai lá. Deixa aqui a Inês sozinha e abandonada.
- Sozinha não ficas, tens o González.
- Goza goza, mas vá, não deixes mais o rapaz há espera. Juizo.
- Adeus amiga. – Despediu-se.

5 comentários:

  1. gostei muito :)
    Agora a maneira como o Rúben falou com a Inês não foi das melhores :|
    Agora isto da Inês e David vai dar que falar...
    E cada vez a deixar-me mais viciada :P
    beijinhos
    Rita
    http://umanovadefinicaodeamor.blogspot.com/

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  2. fantastico...

    quero mais...

    continua...

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  3. Olá :D
    Comecei à pouco tempo a ler a tua fic..tenho a dizer-te que é fantástica a história :D
    Estou a adorar!
    Posta rapidinho sim? :p

    Beijinhos
    Ritááá xD
    http://romanceinesperado.blogspot.com/

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  4. Olá!!
    Adorei!! Para quando mais?

    Bjokinha
    Mariaa

    http://mariaainwonderland.blogspot.com

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  5. Olá e obrigada a todas pelos vossos belíssimos comentários que nos ajudam a ter inspiração e a continuar. Pedimos desculpa pela demora mas agora é época de testes, espero que compreendam. Bjs das escritoras ♥

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