terça-feira, 11 de outubro de 2011

17ºCAPÍTULO - narrado por Mariza Martínez

Tinha acordado super bem disposta e nem as aulas me podiam por o humor e a alegria em baixo. Dei por mim a tentar com toda a minha força, não começar a dançar no meio dos corredores da universidade rumo ao refeitório.
Sim! Podia dançar! Sim! Já era eu mesma! Sim! Estou completamente apaixonada pelo Javi! Sim! Estou a explodir de alegria!
- Mariza? – perguntou Inês. – Porque raio é que estás com esse sorriso parvo na cara?
- Óh, Loirinha, que mazura! Não posso estar feliz? – esboçando um sorriso gigante.
- Claro que podes, aliás, ainda bem que estás! Hája alguém que esteja...
Inês estava preocupada e eu sabia porquê.
- Inês, vais ter de falar com ele... urgentemente! Senão nem vais ficar descansada e nem largar essa cara de enterro.
- Eu sei, eu sei. Tens razão. Tenho andado a evitar as chamadas dele, mas de hoje não passa. – afirma decidida. Sentamo-nos na nossa mesa do costume.
- É isso mesmo. E que tal ires ao Estádio para falares com ele?
- Eles hoje têm treino no estádio?
- Sim, senhora. O Javi não deve tardar a aparecer. – pisquei-lhe o olho.
- O Javi vem cá?! – quase que o IceTea de limão lhe saia da boca. Revirei os olhos.
- Vou dar-lhe boleia até ao Estádio. – sorri ao ver a Inês a piscar os olhos, espantada.
- O Javi? Numa mota? Contigo?
- Parece que sim... – ambas rimo-nos. Acabámos de comer. Despedi-me de Inês que ainda tinha duas aulas pela frente e eu umas horas de trabalho. Saí da UNI e vi uma das minhas fontes de alegria. Cheguei-me a ele e brindei-o com um beijo caloroso d’ amore.
Terminámos ofegantes, quando já sentia os lábios inchados. Senti que os meus olhos também sorriam. Javi fez-me uma festinha na bochecha rosada. A pele arrepiou-se na zona onde o seu dedo indicador tocou.
- Linda, cómo estás?
- Muito bem e o menino?
- No podería estar mejor. – sorrindo.
- Bom, vamos? – inquiri. Javi acenou com a cabeça. Pousou a sua mão na minha cintura, guiando-nos até à minha moto. Dei-lhe o capacete e não pude não rir ao vê-lo assim. Pus o meu capacete, liguei a mota. Senti-o a apertar os braços à volta da minha cintura; senti um calorzinho subir-me dos pés à cabeça (ai, o que aquele rapaz me fazia).
Virei a cabeça para trás e disse-lhe.
- Agarra-te bem! Sou perigosa a conduzir!
- CÓMO?! – berrou ele. Mal ouvi a preocupação e choque na sua voz, arranquei com a mota e ri-me sem mais não. Chegámos ao Estádio num instante e pela cara do Javi, concluí que ficou viciado na sensação de velocidade e o gosto do vento a bater-lhe no corpo. Disse-me que queria repetir a experiência e que eu não era uma condutora perigosa. Despedi-me com um longo e intenso beijo (como de costume). Ele foi para o balneário e eu fui até à secretaria, receber as tarefas que teria de fazer.
- Boa tarde, Mariza, como estás?
- Muito bem, Sr. Vilaça. E o senhor?
- Hum, um pouco atrapalhado. Será que me podes fazer um favor?
- Claro, diga lá.
- Podes ficar aqui na secretaria até eu voltar?
- E as minhas tarefas, Sr. Vilaça?
- Não te preocupes, hoje são poucas.
- Está bem. Vá lá à sua vidinha.
- Obrigada, querida. – abalou com um monte de papéis debaixo do braço.
Fui para trás do balcão e ninguém aparecia. Tirei o Ipod e pus os fones nos ouvidos, dissolvendo-me numa música que adorava: Pocketful of Sunshine.
- I got a pocket, got a pocketful of sunshine. I got a love and I know that’s all mine OH, OH, OH! – cantava eu de costas para a entrada da secretaria, quando ouvi uma tosse propositada. Esbugalhei os olhos, tirei os fones dos ouvidos e virei-me para a frente.
Dei de caras com uma rapariga mais baixa do que eu, com longos cabelos pretos e lisos e uns olhos escuros expressivos. Esboçou um sorriso afectuoso.
- Boa tarde. – abafando um riso. – Queria saber quando é que o treino do Benfica termina, por favor.
- Hum, termina daqui a uma hora. Posso ajudá-la em algo mais?
- Não, obrigada. Pretendo falar com um jogador de futebol.
- Ah, sim? – questionei curiosa.
- Sim. Com o Javi García.
Okay... eu estava a começar a gostar da rapariga, mas quando ela disse aquele nome PAROU TUDO! Pisquei os olhos, tentando rasgar aquela minha faceta ciumenta.
- A Sra. É uma jornalista?
- Oh, não não. Sou fotografa.
- Para algum jornal, revista...?
- Não, não. Faço sessões de moda com as mulheres dos jogadores de futebol. Talvez já tenha ouvido da nova rubrica do Fama Show: Portefolio...?
- Hum, por acaso não, mas disse... com as mulheres dos jogadores de futebol?
- Sim, sim. Porquê?
- Está à procura da mulher do Javi?
- Sim. – rindo-se.
- Então, aposto que queria falar com a Elena Gomez, certo?
A rapariga devia estar a achar-me sabichona demais.
- Certo...
- Tenho de lhe dizer, então, que a Elena e o Javi já não estão juntos.
- Como sabe tudo isso?
- Porque... eu sou namorada do Javi.
A rapariga abriu muito os olhos e esboçou um enorme sorriso.
- Oh, não fazia ideia! – rindo-se. Deu-me um aperto de mão. – Sou a Ana Luisa Silva.
- Prazer. Chamo-me Mariza Martínez.
- É Espanhola?
- Luso-espanhola – corrigi.
- Ah, muito bem. Uau, não fazia mesmo ideia! A vossa relação... aconteceu há pouco tempo, não?
- Pois, sim...
- Porque, eu ainda não os vi nas revistas cor-de-rosa...
- Gostamos de ser descretos.
- Ah, está bem. Então, estás interessada em fazer uma sessão fotográfica?
- Eu?! Mas... não sou nenhuma modelo...
- Óh, não te preocupes! Eu dou-te todas as indicações necessárias. De certeza que ficarás lindamente nas fotos. És muito bonita e simpática.
- Obrigada. – corando.
- Fico feliz por ti e pelo Javi.
- Obrigada.
- Então...? Aceitas? – encorajando-me.
- Porque não?!
- Óh, isso é um sim?
- Hum, se não te importares, gostava de falar com o Javi primeiro...
- Ah, claro. Compreendo. Mas fica já com o meu número de telemóvel. Quando tiveres uma resposta, ligas-me, pode ser?
- Claro, claro. Obrigada por esta oportunidade.
- Ora, de nada. Eu é que agradeço. Então, vou andando. Espero uma boa resposta em breve. – disse ela, sorrindo ao ir-se embora.
UAU! Acabei de ser convidada para uma produção fotográfica! Oh, meu Deus!
O resto da tarde correu rapidamente e não tão rápido quanto eu gostaria, pois estava ansiosa por-me derreter nos braços de Javi e contar-lhe a grande novidade.
Inês veio ter comigo, guiada por um sms que lhe mandei. Fomos ao parque de estacionamento e esperamos que o pessoal saísse do treino.
Avistei Javi, não me deti e corri para os seus braços que me acolheram ternamente.
Comecei a contar-lhe sobre a Ana Luisa Silva e o sue convite, quando o Rúben se chegou a Inês.
- Olá, tudo bem, Inês? – interrogou Rúben com um enorme sorriso.
- Óh, olá Rúben. Podia estar melhor... temos... hum, temos de falar.
- Yah-yah! Temos mesmo de falar! – Inclinou a cabeça, sussurrando num tom intimidante. – Porque me ligaste ontem a dizer que não esqueceste a noite em que nos beijámos?
Inês foi completamente apanhada de surpresa! Oh, meu Deus! Onde raio foi ele buscar o beijo?! Ai, céus! Ele ficou mesmo a achar que... – pensava Inês.
- Inês? Hello? Não dizes nada, fofa? – perguntou Rúben.
- Nao Rúben, não é nada disso, Ai meu deus desculpa, nao queria que ficasses a pensar que... – respirou fundo. - A chamada de ontem foi o resultado de uma brincadeirinha das raparigas, eu pensava que era o teu irmao que ia atender.
- O quê? Que brincadeira?
- Fui a uma Pijama Party com a Mariza e as outras mulheres/namoradas de jogadores do Benfica. Jogámos à Verdade Ou Consequência e aquela chamada foi a minha consequência. – e bem cara, pensou.
- Tu... gozaste com a minha cara?!
- Não, eu... eu não fiz por mal. Queria que fosse o Mauro a atender...
- Sabes que mais? Até eu! Até eu, Inês! Assim não tinha de saber estas coisas e não tinha de fazer figuras de parvo e não tinha de ficar de coração partido!
Inês lutava contra as lágrimas que ameaçavam escorregar pela sua face abaixo.
Depois, sem pensar bem no que ía fazer, levantou a sua mão para fazer uma carícia no rosto de Rúben. Carícia essa, da qual ele se afastou até com nojo. O lábio inferior de Inês começou a tremer. Eu e Javi estavamos a ver a cena um pouco distanciados, mas decidimos intervir. Fui ter com Inês, acalmando-a, enquanto Javi, sem sucesso, viu Rúben a sair no seu carro.
- Vamos para casa, Loirinha. Boa?
Ela acenou com pouca energia.
Despedi-me de Javi e fui deixar Inês a casa, antes de ir para a Academia e ensaiar até à exaustão.
Quando finalmente cheguei a casa, fui tomar banho, vesti o meu pijama e fui até à sala. Queria falar com a minha mãe.
- Podemos falar, mãe?
- Passa-se alguma coisa com as aulas? A Dança? Queres que te dê dinheiro?
Revirei os olhos e sentei-me no sofá.
- Não, não e não. Quero falar de outra coisa.
- Que outra coisa tens para falar sem ser destes três temas? – ela avaliou-me. – Queres ir a Barcelona?
Suspirei.
- Nada disso, mãe. Confesso que é um novo tema de conversa.
- Sou toda ouvidos.
Respiro fundo.
- Vou ser directa, mãe. Eu... estou apaixonada por um rapaz. E... começámos a namorar.
- Um rapaz? Hum... fala-me sobre ele. É giro? Inteligente? Anda na tua UNI? Trabalha?
- Calma! Não é giro, é lindo! É inteligente, querido, compreensivo, romântico. Não anda na minha UNI, porque ele tem trabalho a full time. Ele é um jogador de futebol.
- UM QUÊ?! – berrou.
- Qual é o problema?
- QUAL É O PROBLEMA? QUAL É O PROBLEMA?! Quantos anos tem ele?
- Tem 21, mãe. Acalma-te!
- É muito mais velho do que tu!
- Faço 19 anos para a semana, mãe! Achas que três anos de diferença é muito? O que posso eu dizer de ti e do pai?!
- Não estamos a falar de mim e do teu pai, estamos a falar de ti! Onde o conheceste?
Suspirei.
- No Estádio da Luz.
- Como se chama?
- Javi García.
- Como?! – esbugalhando os olhos. – É espanhol?!
- Sim é! Caso não saibas, eu também sou espanhola! – a bomba que residia calminha dentro de mim, acabou de explodir. - Já estou farta das tuas tentativas de eu esquecer a minha terra e as pessoas que estão envolvidas! Quando é que vais conseguir compreender que eu nunca, mas nunca vou esquecer o meu país, o meu irmão, os meus primos, o meu pai...? O Javi é outro motivo pelo qual eu não posso esquecer quem eu sou! O Destino acaba sempre por me impurrar para o caminho certo! Esta sou eu! Sou muito mais espanhola do que portuguesa, amo a minha família que está longe, amo praticar Hip Hop e amo o Javi! E não há nada que possas dizer para o mudar! Mierda, madre! Pára de tentar mudar-me!
A minha mãe estava perplexa a escutar as minhas palavras duras, mas verdadeiras.
Olhou para baixo, desviando-se do meu olhar. Clareou a garganta e ainda sem me fitar, disse, calmamente:
- Quero conhecê-lo.
- O quê?! – pensava que não tinha ouvido bem.
- Quero conhecê-lo. – repetiu, agora olhando para mim. – Podes convidá-lo para jantar connosco?
- Hoje?!
- Sim.
- Hum, não sei. É um pouco em cima da hora, mas... vou ligar-lhe... – já ía ao meu quarto buscar o telemóvel, mas detive-me. – Tens a certeza disto?
- Completamente. Quero conhecer o rapaz que fez derreter o coração da minha filha. – até parecia que eu era um bloco de gelo, assim tão gelado.
Hum... talvez... um pouco.
(...)
Tinha escolhido um vestido simples para o jantar. A minha mãe também se tinha arranjado e pareceu-me vê-la nervosa. Dei uma última olhadela ao espelho, antes de abrir a porta.
- Hola, buenas noches. – saudou Javi. Deu-me um beijinho ao de leve nos lábios e entrou na sala, onde a minha mãe estava sentada. Cumprimentaram-se com um aperto de mão desajeitado, devido aos tremelicos de ambos. Depois de uma conversita ocasional, fomos jantar. O meu joelho estava coladinho ao dele, dando-lhe a minha força. A meio do jantar, já estavam ambos mais descontraídos. Não podia deixar de ver que a minha mãe estava até satisfeita com o meu homem (meu homem, oh gosh). Às dez da noite, o Javi disse que tinha de ir embora, pois tinha treino cedo no Seixal. Enquanto a minha mãe estava na cozinha a lavar a loiça, eu acompanhei Javi à porta. Abracei-o e junto ao seu peito, sussurrei:
- Obrigada por teres feito isto.
- No me ha costado nada.
Sorri-lhe e beijei-o, primeiro: levemente, depois, queria um pouco mais.
Entretanto, olhei de esguelha para a cozinha. Assim sendo, agarrei no colarinho do Javi e puxei-o para o meu quarto que nunca tinha visto. Ele fechou a porta atrás de si, quando os seus lábios se afundavam nos meus. Despi-lhe o casaco e comecei a desapertar a sua camisa, deixando o peito másculo descoberto. Ele pegou-me ao colo e as minhas pernas (num movimento reflexo) rodearam a sua cintura, bem pressas a ela. Emaranhámos os cabelos de ambos, ficámos corados com o calor, os lábios de ambos inchados com a violência e paixão dos beijos infinitos e infindáveis. Quando já estávamos ambos ofegantes e cientes que dali, naquela casa, nada mais poderia haver, deixámo-nos ficar uns minutos de olhos fechados e com as canas dos narizes encostadas uma à outra, ouvindo e sentindo a pulsação de ambos.
Porém, pouco depois, Javi teve mesmo de partir e eu, depois de o acompanhar à porta, deixei-me cair na cama fofa. Hum, parecia antes que tinha flutuado em direcção à cama. Agarrei-me à almofada e inalei o cheiro do quarto, onde ainda estava presente o aroma de Javi.

4 comentários:

  1. Muito bom!!
    Estou ansiosa por saber como vão evoluir as coisas entre a Inês e o Rúben!!
    Continuem
    Bjokas

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  2. Lindo!
    JÁ deves estar farta dos meu comentários,pois são sempre a mesma coisa.Mas está lindo!
    E agora quero saber como vai ficar as coisas com o Rúben e a Inês :)
    quero mais :)
    beijinhos
    Rita
    http://umanovadefinicaodeamor.blogspot.com/

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  3. maravilhoso... lindo...

    quero mais...

    continua...

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  4. gosh, que capítulo!
    amei :D
    quero mais.
    beijo.

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