segunda-feira, 26 de setembro de 2011

15ºCapítulo - narrado por Mariza Martínez

As horas e dias passavam sem emoção e alegria. Nestes últimos dias devia parecer um zombie; não podia sair de casa a não ser para uma ida ao hospital, não podia dançar, era uma inútil! Rosnei de raiva. Graças à ajuda de uns colegas meus, tinha conseguido manter-me a par de todas as matérias que foram dadas, enquanto tive internada e enquanto não pude sair de casa. Mas, amanhã já podia ir às aulas e continuar a fazer uma vida normal (estas foram as amargas palavras do meu médico). Porque fazer uma vida normal, implicava fazer imenso desporto, como antes fazia. Coisa que não podia fazer durante mais algum tempo. Suspirei.
Mas, no fundo do meu ser, sabia que estes dias em casa me fizeram bem à cabeça.
O assunto de “Elena está grávida de Javi” não me saia da cabeça e por causa disso, andava toda mole e sem vontade de viver; não era companhia de jeito para ninguém.
Isto não era nada meu. Fui eu que disse há alguns meses atrás que nunca iria sofrer por causa de homens; nunca iria sofrer por amor. A língua paga caro! Oh, se paga!
Olhei para a rua, através da janela do meu quarto. O vento do Outono tinha acalmado, mas a espessa camada de nuvens ameaçava a tarde com chuvas. Mesmo assim, apetecia-me sair de casa, apanhar ar fresco e distrair-me. Arranjei-me, peguei na mala, desci as escadas e liguei a moto. Decidi ir à Marina de Oeiras, pois já lá não ia há algum tempo e eu gostava de caminhar por lá.
Pus uma música do Eminem a tocar nos meus fones e segui caminho.
Começou a chover, quando decidi regressar a casa, após uma longa caminhada.
Caminhei até à minha moto que estava estacionada em frente a um café com bom aspecto. Pela montra de vidro do café vi que o meu cabelo já escorria água.
Depois, algo me prendeu o olhar. Quando olhei para aquelas duas figuras belas sentadas numa mesa, nem quis acreditar! Eram Javi e Elena. O meu coração começou a bater e cem por minuto. Só queria evaporar dali, abrir um buraco no chão e enfiar-me lá dentro, tornar-me invisível. Corri até à minha moto como se fosse uma barata tonta. Sentei-me nela, pus o capacete e liguei-a. Não andou.
- Entonces, cariño? Qué pása? – questionava-lhe eu, preocupada. Saltei da moto e tirei o capacete para averiguar melhor o que raio se passava ali. Mal olhei para os pneus, tive de me esforçar imenso para não soltar o meu melhor grito de guerra. Estavam furados!
ÓH! Que miséria de vida! Porquê a mim?! Hum?! PORQUÊ?!
- Mierda! Mierda! Mierda! – berrava eu contra a chuva gelada e contra o vento que fazia o meu cabelo escharcado golpear-me o rosto. Pontapeei os pneus, furiosa. Senti uma picada na zona da barriga onde fui perfurada por uma estúpida bala.
- Mariza? Es tu? Qué pása? – perguntou uma voz latina e fina como seda.
Dilatei as narinas. Olhei para Javi.
- Estás toda mojada! Usted se enferma!
Oh, agora estava preocupado se com um bocadinho de chuva eu ficava doente?! Ele devia era repensar no meu estado mental, após o que aquela víbora me contou!
- Não te preocupes! – disse a minha língua, áspera e seca.
- Pero, qué pasó con las ruedas?
- Furaram os pneus.
- Entonces, ahora necesitas un paseo.
- Não, não quero. – sim, sim, agora ia aceitar boleia dele. Podes esperar sentado! – Eu chamo o reboque.
- Y permanecer aquí sola y atrapar con la lluvia? No! De ninguna manera!
A chuva não me incomodava nem me fazia mal... já ele... não podia dizer o mesmo.
- Ora! É exactamente isso que vou fazer!
- Yo no te voy a dejar! Venir a mi casa (que es próxima), se toma un baño caliente, una muda de ropa y yo te llevo a casa. Ah, y tenemos que hablar.
- NÃO!
- Por que no?
- Porque... Javi? Eu não consigo fingir que está tudo bem, quando não está! Magoaste-me...
- Daño? Cómo?
Bufei, desesperada.
- Tens cá uma lata!
- Qué? – não compreendendo nada do que eu estava a dizer.
- Depois de me ocultares que vais ser pai... e eu ter pensado que tu e eu... – Gostávamos um do outro... – Bem, não interessa!
- Qué estás hablando?! Yo? Padre? – dando uma gargalhada.
- Hey, pára de te rir! Não digas que é mentira! Eu vi a barriga da Elena! – atirei.
- Sí, Elena será una madre... pero yo no soy el padre. – afirmou, calmamente.
- Hã?! – pisquei os olhos, pois a chuva dificultava-me a visão. Quem agora não estava a perceber nada, era eu!
- Sí. Elena se quedó embarazada antes de llegar al Benfica. – Javi sugou uma gotinha de chuva que caiu no seu lábio inferior rosado. – Ella me traicionó... por lo tanto, es que comenzó a distanciarse de mí... – sussurou super triste.
. Oh, meu Deus! Agora... tudo faz sentido. Deves estar... destroçado... – engoli em seco, tentando desfazer o nó na minha garganta. Nem me passou pela cabeça lhe perguntar se ele estava a mentir, porque bolas!, eu conhecia tão bem aquele olhar; era tão sincero e puro de verdade.
- Roto? Yo? No... Elena fue pasado...  yo sé lo que quiero ahora. – murmurou estas últimas palavras muito perto de mim. Fechei os olhos, sentindo-o. Devido à mínima distância entre nós eu conseguia cheirar e saborear no ar o seu doce perfume, agora misturado com o odor da humidade.
- Hum... – ronronei.
- Y tú eres mi futuro...
Abri os olhos e vi-o a sugar todo o poder e fulgor que emanava no meu olhar felino e neste preciso momento, sedutor.
- O que queres dizer com isso? – indaguei com a voz fraca.
- Quiero decir que es lo que quiero.
- Sou? – perguntei, surpreendida.
- Tanta incertidumbre... ya deberías saber eso.
- Óh... hum... – comecei a corar, envergonhada.
- Ah, me encanta el rubor en sus mejillas. – comentou, aflorando as minhas bochechas. E eu adoro que tu adores, pensei.
- Estás con frío. Ven a mi casa.
Olhei para os seus olhos brilhantes, demasiado tentadores e convidativos.
Sinceramente, estava quase a beter os dentes com tanto frio que me fazia queixar desde a pele até ao osso.
- Está bem. – Javi sorriu, tirou o seu casaco e instalou-o nos meus ombros. Enquanto nos encaminhámos para o carro, passou um grupo de rapazes por nós e olharam-me de alto a baixo, trocando segredinhos uns com os outros. Assim sendo, Javi pousou o seu braço direito nos meus ombros e o seu queixo pairava no cimo da minha cabeça, chegando-me mais a ele. Um acto que só um macho alfa de uma matilha podia fazer: uma marcação de território. Soube-me tão bem ser apenas uma fêmea a precisar de miminhos e de ser protegida.


Quando Javi ia entrando na garagem, admirei o exterior da bela vivenda.
Entrámos em casa. O hall de entrada e a sala de estar eram decorados em tons de creme e grená. Javi levou-me até à casa-de-banho. Foi ao seu quarto buscar uma T-shirt e umas calças de treino largas. Senti um leve arrepio na espinha, pois lembrei-me da roupa que levei à Battle. Javi disse-me para pôr a roupa molhada à porta da casa-de-banho para depois ele levar para a máquina de lavar roupa e, de seguida, para a de secar. Assim o fiz. Entrei no polibã e assim que a água quente me penetrou nos poros, quente e carinhosa, senti-me instantaneamente melhor.
Ensaboei-me com um gel todo cheiroso que o Javi tinha.
Passado um bocado, ainda com a água a escorrer pela minha cabeça e pelo corpo, viro-me para a frente e esqueço-me de como se respira.
Javi tinha aberto a porta do polibã e estava em tronco nu a olhar para mim com uma expressão impotente. Não sabia se havia de me tapar ou assim, por isso, deixei estar o meu cabelo comprido a cobrir-me um pouco dos seios.
- Queres... entrar? – não sei onde raio tinha arranjado tanta coragem.
Voltei a respirar mas com fraqueza. E num piscar de olhos, Javi atacou os meus lábios carnudos, sedento. Sim, ele parecia um vampiro sedento de sangue, mas naquele caso, parecia sedento de mim. Passei os meus braços finos e firmes pelo seu pescoço, aprofundando o beijo, chegando-o mais a mim. Encaixavamo-nos tão bem e tão perfeitos como se fossemos duas pecinhas de um puzzle.
Deixei cair os meus braços mais para baixo e pescorri-lhe a espinha com o dedo indicador direito, fazendo-o arrepiar. Javi não largava os meus lábios ou a minha língua e eu nem sequer o deixava. Com as mãos curiosas, passei-as pelo seu peito maciço e pelos abdominais bem definidos. Javi movimentou-se e sem querer, fez-me distanciar-me dele, pois magoou-me na cicatriz da operação.
Ele apercebeu-se e baixou-se um pouco e beijou toda a cicatriz, causando-me arrepios de prazer. Triste, murmurei-lhe:
- É feia...
Ele franziu as sobrancelhas e abanou a cabeça. De seguida, virou-se ligeiramente.
E foi aí que eu vi que também ele tinha uma cicatriz e muito maior do que a minha. Percorri-a com os dedos, deliciada. Javi levantou o meu queixo e levou os seus lábios aos meus, docemente. Encaminhou-se para dentro do polibã.
Despiu-se e ambos perscutámos o corpo um do outro. Quando acabámos de tomar um banho de amor, secámo-nos um ao outro e depois, ele pegou-me ao colo e levou-me para o seu lindo quarto. Deitou-me na sua cama como se eu fosse uma frágil princessa. Beijámo-nos intensamente, tocando toda a pele que revestia o corpo de ambos. Após muitos risos, sorrisos, prazer, gemidos, suplicas e palavras de amor, unimo-nos num só corpo, num só ser apaixonadamente abraçado num nada em que tudo tinha acontecido.
It’s been a long time since I came around Been a long time but I’m back in town
This time I’m not leaving without you...
Pareceu-me ouvir a You And I de Lady Gaga, mas ainda estava meia-ensonada, por isso, não devia ser. Recomeçou a tocar de novo e senti alguém a fazer-me cócegas nas costas nuas. Virei-me (estava a dormir de barriga para baixo, encostada a um corpo muito forte e quente).
- Buenos diaz, amor. – disse a voz de mel do Javi. – Dormir bien?
- Mucho bien. – sorrindo-lhe.
- Tu telefono estaba sonando. – afirmou ele, pegando nele. Afinal, não era apenas a minha imaginação. Peguei no telemóvel e vi quem me tinha ligado. Começou a vibrar outra vez. Atendi.
- Bom dia, Loirinha!
- Bom dia? Bom dia? – perguntava ela, comendo as palavras muito apressada. – Onde raio te meteste?! Não vieste dormir a casa!
- Pois... – rindo-me. Fitei o Javi que estava com uma expressão facial malandra, como a minha. – Longa história, longa história. Depois eu conto-te.
- Mas, onde estás?
- Em boas mãos, acredita.
- Hum... com essa voz... ÓH, não me digas que estás com o Javi!
Ri-me e eu resposta pedi ao rapagão que estava ao meu lado para dizer algo pelo telemóvel.
- Soy yo, Inês.
- Óh, óh! Olá, Javi! O que é que os meninos fizeram para a Mariza estar com aquela voz. – Oh, meu Deus! Que vergonha!
Olhei para a colcha que tinha aos pés da cama e para o seu padrão preto e branco aos quadradinhos.
- Jogámos xadrez! – exclamei, rindo-me.
- Estou a ver que sim! Ainda bem que fizeram as pazes. Bem, Mariza não te esqueças que hoje temos a Pijama Party! Temos de ir às compras!
- Estou pronta para isso! – esboçando um largo sorriso.

4 comentários:

  1. fantastico... maravilhoso...

    quero mais...

    continua...

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  2. mais,mais ,mais e rápido :P
    adoro mesmo muito!! :D
    beijinhos

    rita



    http://umanovadefinicaodeamor.blogspot.com/

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  3. Adorei *.*
    mal posso esperar pelo próximo!
    beijo.

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  4. muito bom, adorei :)
    deixo aqui o meu blog para o caso de quereres passar por lá. http://cityofdreamscityoflove.blogspot.com/

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