domingo, 14 de agosto de 2011

9º CAPÍTULO - narrado por Mariza Martínez

Eu e Javi estávamos num café no Colombo. Ele queria explicações, embora eu não tivesse muitas para lhe dar. Contei-lhe como eu e o Rodrigo nos tínhamos conhecido e nas suas últimas tentativas de aproximação. Por um lado, sentia-me super envergonhada, mordia os lábios e brincava com os caracóis negros que de vez em quando, balouçavam, devido aos meus tremores repentinos. E, por outro, sentia-me bem a falar e desabafar com ele. Os seus olhos transmitiam-me tanta tranquilidade e a sua voz era como mel docinho. De vez em quando, até me esquecia do que estava a falar, mas Javi (mesmo muito atento) relembrava-me e eu continuava.
- Então, mas mudando de assunto, pois estou cansada de falar da minha vida atribulada. Como estão as coisas com a Elena? – não gostava muito de falar dela, mas se for a ver bem, ela era uma das poucas coisas que eu sabia sobre Javi. E não podia esconder a minha infelicidade ao debater-me com esse facto.
- No hay noticias – disse ele sem olhar para mim. O empregado chegou com o meu café e a sua coca-cola. – Eres adicto al café? – questionou com um sorriso maroto.
Revirei os olhos.
- Chegaste a Portugal há pouco tempo e não espero que nenhum Espanhol entenda a necessidade de café dos Portugueses; eu já estou cá desde pequenita, habituei-me. – dei um gole grande no café saboroso. – Mas, não desvies a conversa! Eu sei que precisas de desabafar.
Javi levantou o olhar e os seus olhos brilharam.
- Usted me conoce…
Abanei a cabeça.
- Nem por isso… gostava de te conhecer melhor… - sussurrando esta última parte, baixando o olhar para o meu café.
Javi levantou-me o queixo, obrigando-me a encará-lo. A sua pele estava quente; causou-me arrepios na espinal medula.
- También queria conocerte mejor…
Corei. Sorri-lhe.
- Me gusta ver usted ruborizarse.
Okay… corei ainda mais.
Subitamente, sem mais nem menos, não sei o que me passou pela cabeça.
- O que fazes hoje à noite?
Javi foi apanhado de surpresa. Pestanejou e respondeu:
- Nada especial… por qué? Usted tiene un plan mejor?
Mordi o lábio carnudo.
- Não me apetece nada ir para casa… estou zangada com a minha mãe e a minha melhor amiga está ocupada, porque vai receber a visita do seu namorado. E sabes? O meu estômago não se contenta com um café, por isso e visto que não tens nada combinado… queres… jantar comigo?
Ele esboçou um grande sorriso.
- Ese plan me parece perfecto. Dónde vamos a cenar?
- Hum… não sei… conheces algum restaurante bom por aqui? O convidado é que escolhe.
Javi matutou um pouco.
- Vamos el restaurante del Barbas.
Levantei as sobrancelhas e soltei uma gargalhada.
Estava em casa mesmo à frente do meu guarda-roupa. Javi estava lá em baixo, no parque de estacionamento à minha espera. Não queria nada que ele esperasse muito, mas eu não sabia realmente o que vestir. Depois de atirar os vestidos mais apropriados para a ocasião para cima da cama, consegui seleccionar dois. E qual dos dois escolher? Estava indecisa entre um vestido pelos joelhos em tons brancos e prateados com inúmeros brilhantes e um vestido rosa decorado com uns tons de dourado. Agarrei no telemóvel e enviei um sms de ajuda urgente à minha vizinha de cima, Inês.
“ Emergência! Vestido branco e prateado ou rosa e dourado para um jantar com uma pessoa especial? “
Passados alguns segundos:
“ O primeiro, definitivamente! Creio que essa pessoa especial seja o Espanhol, Espanholita ^^ “
“ Gracias! Gracias! Sim… por acaso é mesmo ele. Bom, tenho mesmo de me despachar. Te amo, Chica <3 “
“ De nada… boa sorte =D Também te amo, Mariza.<3 “
Assim sendo, vesti o vestido, pus uns brincos a condizer, escolhi uns sapatos de salto alto (obviamente), dei um jeitinho no meu cabelo, peguei na mala e saí.
Entrei no BMW preto e reluzente do Javi. Ele mirou-me toda, sem vergonha.
- Eres realmente hermosa!
Ao pé dele, era realmente desnecessário usar blush, porque os seus elogios faziam-me corar instantaneamente. Javi estendeu a mão e fez-me uma festinha no bochecha esquerda que flamejava.
- Te dije que me encanta cuando te ruborizas?
Comprimi os lábios.
- Sí, he dicho…
Só me apercebi que tinha falado em Espanhol com ele, quando este ligou o carro.
Já tinha saudades de falar em Espanhol todo o dia, mas a minha vida era agora em Portugal; a minha mãe já mal percebe Espanhol e também não gosta que eu fale a minha língua… Inês entende melhor, muito devido a Fernando, mas mesmo assim, não gosto de falar Espanhol com ela, pois sei que para ela é muito mais fácil o Português. Mas… eu podia falar Espanhol com Javi… seria natural e benéfico para os dois. Se calhar ele gostava tanto da minha pronúncia (que raramente ouvia) como eu amava a sua.
- En qué piensas? – perguntou ele, quebrando os meus pensamentos.
- En nada especial… - os meus olhos depositaram-se na sua mão direita, controladora das mudanças do carro. Tomei mais atenção à tatuagem que lhe rodeava o pulso. Fiquei fascinada. – Tienes una tatuaje…
Javi olhou para mim e depois para a sua tatuagem no pulso; Sorriu.
- Tengo más…
- Tienes más? Dónde? – perguntei, curiosíssima. Só depois, rezei para que não fosse em nenhum sítio… íntimo…
- Tengo esto en la muñeca – apontando para a do pulso. – Tengo este dedo – apontando para as iniciais J e G (o seu nome) no dedo mindinho da mão esquerda. – Tengo outra en el antebrazo y el brazo izquierdo y todavía tengo outra en la pierna.
- Tienes cinco! – exclamei surpreendida. – Yo no sabia que te gustaba tanto de las tatuajes.
- Mi gusta muho, sí. Y tú? Te he visto una rosa com espinas en el pulgar izquierdo.
- Sí, esto. – mexendo o polegar, onde tinha a rosa negra.
- Tienes más?
Acenei com a cabeça.
- Dónde?
- Tengo en el pie, también.
Tínhamos chegado ao restaurante.
- Quiero verla.
Javi saiu do carro e abriu-me a porta. Ainda sentada no banco cómodo do BMW, alcei o pé direito e mostrei-lhe a tatuagem que o sapato preto não cobria.
- Guapa!
- Gracias. – sorrindo-lhe.
- Si encuentra alguno de mis colegas, lo siento.
- Por qué me piedes excusa? – rindo-me com a sua expressão facial.
- Mis colegas… bueno, si ves alguno, entiendes. – piscando-me o olho. Ri-me.
Entrámos no restaurante e Javi depositou a sua mão no fundo das minhas costas.
Sentámo-nos, fizemos os pedidos e aguardámos.
Tentei não pensar muito na ironia do vinho que o Javi pediu. CASAL GARCÍA.
Agarrei no copo e traguei uns belos goles no vinho saboroso. Olhei em meu redor. Reparei que estavam quatro jogadores de futebol a olharem fixamente para mim. Roberto, Saviola, David Luiz e Salvio. Ai, que vergonha.
- Estás ruborizada de nuevo. Qué pása?
Mordi o lábio.
- Son sus cuatro colegas que nos miran.
- Ellos están buscando a ti, seguro.
- Debe ser extraño verte com otra persona que no es Elena. – disse, triste.
Javi deu-me a mão.
- Ellos saben que se acabo. Deben estar curiosos.
- Hum…
Eis senão, quatro colegas de Javi rodeiam a nossa mesa.
- Oh Javi! JAVI GARRRCÍA! – exclamou David Luiz. – É o nome dele, garota.
Pisquei os olhos, tentando não rir.
- A sua cara não mi é estranha… - continuou ele. Porque é que todos diziam o mesmo e nunca se lembravam?! – Eu conheço você?
- Sou eu que aponto o teu nome e a matricula do teu carro. – disse-lhe.
- Ah! A famosa estagiária… estou vendo. Então, Javi? É esta a garotjinha? A sua “Chica”, hein?
Javi olhou para mim, pedindo-me desculpa com o olhar… outra vez.
- Sí, David! – dando-lhe um calduço no ombro. – Mariza Martínez, mi Chica.
Corei com aquelas duas últimas palavras: mi Chica (aii aii). O que significava aquilo?
Virem-me para eles, tentando desviar o meu embaraço.
- É um prazer conhecer-vos.
- E nós somos… - David Luiz ia começar as apresentações, mas eu travei-o.
- Não são necessárias quaisquer apresentações. Conheço-vos, por causa do meu trabalho, mas também… porque sou adepta do Benfica… e também do Barcelona. – rindo-me.
- Eres mismo portuguesa? – perguntou Saviola.
- Não totalmente. Nasci em Barcelona, mas depois os meus pais separaram-se e sendo a minha mãe portuguesa, vim para Portugal desde muito pequena. – expliquei para os cinco, pois Javi ainda não sabia.
- Ah, tou vendo… então você é Portuguesa e Espanhola, é isso?
- Sou Luso-Espanhola. – sorrindo-lhe.
- Tienes de ver nuestros juegos! – exclamou Salvio.
- Ah, pois, tenho de pensar nisso. – rindo-me. – David?
- Sim?
- Tu deves conhecer a minha melhor amiga… a Inês Oliveira.
- Hum... não tou vendo, não.
- Ela vai algumas vezes a casa do Rúben.
David abana a cabeça.
- Não sei não, garota. Sabe, não vou a casa do Rúben faz tempo. Ele anda maluquinho por uma garota. Não faço ideia quem ela é, mas ele diz que ela é especial.
Fiquei super chocada! Rúben andava apaixonado por outra rapariga?! E eu a pensar que ele gostava mesmo da minha Loirinha e que a minha Loirinha estava finalmente a esquecer El Niño.
Bem, fiquei deveras surpreendida; não me costumava enganar em questões como esta...
Vieram os nossos pratos e os quatro jogadores juntaram a sua mesa à nossa.
Roberto falava comigo sobre a sua mulher e a sua filha. Disse que tínhamos de combinar um jantar os quatro: eu, Javi, ele e a sua mulher Marta, a fim de nos conhecermos melhor. Eles eram todos muito simpáticos. Notei, pelo canto do olho, que Javi e Saviola murmuravam.
( - Mariza es muy hermosa y agradable. – comenta Saviola.
- Es mucho más que eso. Es misteriosa, independiente, luchadora, muy amiga de sus amigos. Es muy buena persona… - responde Javi.
- Te gusta della? – quer Saviola saber.
- No… yo creo que la amo. – confessa Javi.
Javi não tira os olhos de Mariza. Está como que fascinado a ouvi-la falar com um dos seus grandes amigos, Roberto.
- Crees que ella siente lo mismo? – interroga Javi.
- No sé, pêro se ella queria cenar contigo… puede significar algo… - afirma Saviola. – Há dicho lo que sientes?
- No… creo que es muy temprano para eso. – confessa.
- Dale tiempo… para ella e para usted. Puedes sentirte solo sensible a causa de Elena…
- No! Yo sé lo que siento.
Os dois amigos ficaram a olhar para Mariza sem dizerem mais nada).
- Domingo? No tengo nada que hacer… aceptado! – disse então, aceitando ir ver o jogo do Benfica neste Domingo.
- Perfecto! Javi te lleva al estadio y luego le dice donde está el area VIP. Has oído, Javi? – perguntou Roberto virando-se para Javi que parece ter acordado de um sonho.
- Qué? Qué pása?
- Llevas Mariza al estádio, decirle donde es el area VIP en el Domingo.
Javi olhou para mim, intimidante.
- Quieres ver nuestro juego? – surpreendido.
- Por qué no? Claro que quiero!
- Y en el area VIP?
Não percebi muito bem a sua expressão facial ao dizer zona VIP. O que tinha de tão chocante essa zona do estádio? Bem, era onde estavam… OMG! Era onde estavam as mulheres e namoradas dos jogadores de futebol. Pois, já entendi. Javi não gostava muito da ideia de eu ocupar o lugar de Elena na zona VIP. Compreendo…
(Javi não conseguia expressar o seu entusiasmo. Mariza queria ver o seu jogo… ainda por cima, na zona VIP, local onde só as pessoas mais íntimas (namoradas e esposas) dos jogadores entravam. Será que ela compreendia o que isso queria dizer?! Será que o próprio Javi poderia tirar dali uma conclusão que lhe agradasse?! Será que Mariza gostava tanto dele como Javi gostava dela?!)
- Si no quieres que yo vaya allí, yo puedo ir a la grada. – não era mentira. Eu compreendia. Se ele não queria que eu fosse para a zona VIP eu podia ir para as bancadas normais…
- Por qué rázon no quiero que te vayas a la zona VIP?
- Hey, pessoal. Já está chegando a nossa hora. Vamos andando, tá bom? – disse David, tentando deixar-me a sós com Javi. Os dois espanhóis, um brasileiro e um argentino abandonaram-nos.
Javi repetiu a pergunta.
- Yo entiendo que no quieras que me tome el lugar de Elena...
- Qué? Que estás diciendo? Yo estaba sorprendido, por que no sabia si usted había dado cuenta de que eres especial para mí.
Fiz uma expressão confusa.
- Sabes, sólo personas muy especiales para los jugadores pueden entrar en él área VIP.
Acenei com a cabeça, com olhos inocentes.
- No me di cuenta que ya sabías que eres especial para mí...
Pestanejei os olhos.
- Eu... sou especial para ti...? – perguntei, interrompendo o nosso perfeito diálogo na nossa língua. Subitamente, ouvi ao longe Love’s Divine de Seal (música que adorava) que soava no VH1 da TV do restaurente.
Javi sorriu, como se eu fosse uma pequena criança a perguntar de onde vêm os bebés.
A resposta para ele era certa, clara, sem margem de dúvida.
- Por supuesto que es...
Tentando encolher as grossas lágrimas que ameaçavam escorrer-me pelo rosto abaixo, disse, tola:
- Me encanta esta canción...
Javi franziu levemente o sobrolho e olhou para trás, apercebendo-se que não deu conta da música que soava nos meus ouvidos, como banda sonora da confissão dele.
- Oh, mi gusta del Seal también.
Levantei as sobrancelhas finas.
- Jura!
Javi pediu a conta e não me deixou pagar (coisa que vou ter de remediar para a próxima vez. Espera! Próxima vez?! Sim, eu queria uma próxima vez!)
Já íamos a entrar para o carro dele, quando ele pousa a mão na minha, impedindo-me de abrir a porta do carro.
- Veo que te gusta mucho la música.
- Verdad. – sorrindo-lhe.
- Y el canto...?
Os meus olhos circularam, até um pouco preocupada pelo que vinha dali.
- También... – respondi a custo.
- Quieres ir a un bar de karaoke?
Fiz uma expressão surpresa.
- Tú? Cantar conmigo?
Ele fez a sua expressão mais engraçada de sempre. E acenou com a cabeça.
- Okay... – rindo-me ao entrar para o carro.
O Bar era super giro. Haviam pessoas a cantar aos pares, seguindo fincamente as letras que apareciam no ecrã. Sentei-me numa mesinha redonda e alta para duas pessoas e Javi foi nos inscrever para o karaoke. Ai, já me nasciam borboletas marotas no estômago. Ai, que nervos!
Javi veio sentar-se à minha frente.
- Sólo dos personas. – o seu dedo indicador direito voou até à pontinha do meu nariz num gesto carinhoso.
Só faltavam duas pessoas. Ui, ui.
Passados por volta de 8 minutos, foi a nossa vez. Estava a beber um IceTea de manga, quando anunciaram os nossos nomes, eriçarando-me os cabelos da nuca. O senhor disse:
- Hum... uns pombinhos apaixonados, hã? Vão cantar esta canção, então. – corei como nunca corei na vida. Apareceu o nome da música e do cantor no ecrã. Enguli em seco.
UMBERTO TOZZI – TI AMO (english version).
Javi pegou no microfone, como se este o assustasse muito menos que um canto contra o Benfica.
Já eu... preferia fazer mil e uma espargatas do que... hum... cantar aquela música a olhar para o Javi. Eu achava a música do mais romântico e íntimo que pudesse haver.
- Ti amo. Throw a coin. Ti amo. In the air. Ti amo. Heads up it means that it’s over. We’re leaving each other... I lose my breath when you reveal yourself. Is love so far from hate? – cantava ele. Quando as letras “ And I need you as I need the sun. You are forever the one” aparceram no ecrã, ele memorizou-as e cantou-as mesmo virado para mim com os olhos a brilharem.
- TI AMO! How could I hurt you so? Now I am here again... open the door to a woman who is hollow with pain! – cantei a minha parte.
Acabámos a música quase já sem ar nos pulmões. Voltámos para a nossa mesa e bebemos os nossos refrigerantes. Riamo-nos ao relembrarmos o que tinha acontecido há minutos atrás.
Tinha-me divertido imenso, apesar da intimidante música; e Javi também tinha gostado muito, pelo menos era o que eu conseguia ler nos seus olhos.
- Mañana voy a grabar un vídeo com Nélson Évora. – afirmou ele, esboçando um sorriso.
Levantei as sobrancelhas, surpreendida.
- En serio? Dónde? Sobré qué?
- Sí. – riu-se. – En el centro comercial Alegro Alfragide. Vamos a hacer una broma. Una salto a la tienda Adidas.
- QUÉ?! – quase cuspi o sumo da boca.
- Una broma, una broma. – rindo-se da minha reacção.
- Okay… - disse ainda desconfiada.
Ele coçou o bigode, um dos seus tiques. Javi tirou o telemóvel do bolso e olhou para o ecrã.
- Bueno… mañana temprano tengo entrenamiento en Seixal…
- Sí sí, eres mi hora también. No estoy acostumbrada a echarme muy tarde.
- Por qué?
- Estoy en la universidad, recuerdas?
- Ah, sí, sí. A veces me olvido. Pareces más adulta de lo que es.
Encolhi os ombros.
- Bueno, vamos? – perguntei. Javi acenou com a cabeça. Dirigiu-se ao balcão e pagou.
Fomos para o carro. Eu permaneci quieta ao pé do belo BMW. Javi olhou para mim.
- Vaya por delante. Voy a tomar el autobús.
Ele abanou a cabeça.
- No digas tonterías! Yo té llevaré a casa.
- No, no señor! Mañana hay que levantarse temprano. No quiero retrasar más.
- No me molesta. Sólo necesito que me digas el camino.
Eu fiquei no mesmo sítio.
- Estoy esperando…
Suspirei profundamente e entrei no carro.
Quando estávamos em frente à minha casa, disse-lhe:
- Gracias por todo.
- Yo lo aprecio. – agradeceu ele também, fazendo-me festinhas nas bochechas. – Quieres ver nuestro entrenamiento? – perguntou tão depressa, como uma rajada de vento forte. Mal o percebi.
- Qué?
Javi clareou a garganta e disse mais calmamente.
- Quieres ver nuestro entrenamiento?
A questão apanhou-me de surpresa.
- A qué hora?
- 10h30 en Seixal.
- Hum… muy bién! Por la mañana no tengo nada que hacer, solo por la tarde tengo clase de Danza.
- Perfecto, entonces. Yo vengo recogerte a las 8h30. Y no me digas que te vas solo.
Comprimi os lábios.
- Okay… buenas noches. – aproximei-me dele e depositei-lhe um beijo na face.
Abri a porta e subi as escadinhas do prédio. Entrei. O BMW ainda estava lá. Comecei a subir alguns degraus e espreitei. Continuava lá.
Subi a escadas até à porta de Inês. Oh, tinha tanta coisa para lhe contar, tanta coisa para atirar cá para fora. Ai, Jesus! Tive de morder várias vezes o interior das bochechas para impedir que aquele sorriso parvo estampado na minha cara parasse. Bati à porta. Nada. Bati outra vez. Hum…nada. Toquei à campainha, furtivamente. Passados alguns minutos e alguns barulhos estranhos, abriram a porta. Esbugalhei os olhos.
- FERNANDO? – sim, era mesmo o Fernando Torres, especado à minha frente em tronco nu e umas diminutas hum… boxers… - Eu, hum… será que a Inês tem um pau de canela que me dê…? – perguntei a pergunta mais tosca que tinha perguntado em 18 anos de existência. – Sabes, hum… vou fazer hum… arroz doce e preciso mesmo de um pau de canela.
Isso! Isso! Afunda-te mais. Detesto arroz doce! E que tal pirares-te sem incomodares mais?!
- Usted va a hacer arroz com leche a las 23 horas?
- Exacto! Hum… apetece-me mesmo.
- Muy bién. Espere un poço… - disse ele, entrando de novo em casa e dirigindo-se à cozinha.
Milagrosa fuga! Corri pelas escadas abaixo e entrei em casa.

2 comentários:

  1. amei!!!!!
    agora quero o proximo rapidamente!!!:)
    continua que esta fic e optima.
    beijinhos

    passa na minha e diz o que achas
    http://umanovadefinicaodeamor.blogspot.com/

    ResponderEliminar
  2. fantastico...

    quero mais...

    continua...

    ResponderEliminar