sábado, 27 de agosto de 2011

10ºCAPÍTULO - narrado por Inês Oliveira

A campainha de minha casa toca:
-Estás esperando alguien?
- Não. Quem será a uma hora destas?
- Te deja estar ahí acostadita que yo voy a abrir la puerta.
O Fernando levanta-se veste uns boxers e vai em tronco nu abrir a porta. Quando a abre:
- Mariza?! Que haces aquí a una hora de essas?
- Fernando?! Que haces tú aqui? Não vinhas só amanhã?
-Sí, pero conseguí venir más cedo y disfrutar. Pero todavía no te he dicho lo que estás haciendo aquí?
- Há isso…. aaaa… vim buscar um pau de canela. – Respondeu com a 1ª coisa que lhe veio há cabeça. A Mariza não era lá muito boa a arranjar desculpas há pressão.
- Un palo de canela? Para que quieres uno palo de canela a una hora de estas?
- Apeteceu-me um arroz doce. Mas vais-me dar o pau de canela ou não?
- Voy a pedir hay Inês donde están.
- Não vais chatear a Inês agora. Deixa, já é muito tarde, eu faço amanhã.
- Yo voy a buscar.
Assim que o Fernando vira costas para ir há cozinha, a Mariza só pensou em correr dali para fora. E foi o que ela fez. Correu pelas escadas abaixo até sua casa. Antes que pudessem sair mais disparates daquela boca. Entrou em sua casa, foi directa ao seu quarto, e por lá ficou, com um sorriso estampado na cara, relembrando cada minuto da sua noite com Javi, de como tudo tinha sido perfeito, e de que me queria contar tudo, mas esse tudo teria de esperar pela manhã seguinte.
Entretanto o Fernando tinha voltado para o quarto:
- Quem era amor?
- No vas a creer. Era la Mariza.
- Não pode. A Mariza? A uma hora destas? Estranho. Que queria ela?
- Uno palo de canela.
- Hó Fernando agora a sério.
- Es verdad. Dijo que iba a hacer un arroz con leche.
- Um quê ? Ela nem gosta de arroz doce! Mas pediu o pau de canela e mais nada?
- No. Cuando yo fui a la cozinha buscar la canela, ella desapareció.
- Estranho. Ela não é nada dessas coisas. Mas deixa amanhã vou falar com ela, só espero que esteja tudo bem.
- De certeza que está. Y nosotros? Donde estábamos? – Disse Fernando levando os seu lábios aos meus, continuando a nossa noite tão esperada por ambos.
- Já tinha saudades de estar assim contigo, Rúben.
- Rúben? Estás gozando conmigo, verdad?
- Rúben? Eu disse Rúben?
Fechei a boca, arregalei os olhos, pensei porque raio tinha eu dito Rúben?
- Yo sabía, yo sabía que se pasaba alguna cosa entre los dos.
- Não Fernando, não é nada disso. Estás a entender tudo mal. Eu e o Rúben somos só amigos. Não sei porque raio te chamei aquilo, é certo que chamei, mas eu juro que é de ti que gosto, e nunca gostei de mais ninguém.
- Debes haber andado a reírte en mi espalda. El idiota fui yo, que pensé que eras diferente.
- Não digas isso Fernando. Vamos esquecer isto, por favor. Foi tudo um mal entendido. (engoli a seco) Não sei como foi isto acontecer, mas tens de acreditar em mim.
- Creer? Después de la cena esta noche no sé qué creer.c- Disse o Fernando com ar de desilusão.
- Podes perguntar ao Rúben se se passa alguma coisa entre nós? Claro que não! Não sejas tolo. É de ti que eu gosto. Por quem achas que tenho chorado este tempo todo? Fernando és tu, és tu o homem da minha vida.
- No. Si calhar tú no me mereces, y es normal que lo hayas elegido. Fue él quien estuvo aquí contigo, que te apoyó cuando más te necesitas,...
- Nem vás por aí Fernando.
Entretanto o meu telemóvel que se encontrava na minha mesa-de-cabeceira começa a vibrar com uma sms recebida.
- Es de él, no es?
Peguei no telemóvel, tentando segurar as lágrimas que forçavam cair dos meus olhos, não estando a acreditar no que estava a acontecer, olhei para o ecrã:
‘Mensagem recebida de Rúben Amorim’
- Entonces no vas a leer? Si es que estoy aquí, me voy ahora.
- Deixa-te disso. Sim é dele, e se quiseres podes lê-la tu. Já te disse que não tenho nada a esconder.
- No, la lee, no lo dejes hay espera.
Abri a mensagem:

‘De: Rúben Amorim
Olá Inês, desculpa estar a incomodar a estas horas, mas fiquei preocupado contigo, e com aquela conversa com o Fernando, espero que esteja tudo bem. Gostava de te ver amanhã no treino. Beijos, dorme bem.’


Pousei o telemóvel e olhei para o Fernando:
- Que quería él? No vas a responder?
- Queres mesmo saber? Não, não vou responder.
- Pero es por mi causa?
- E se for? Fernando eu não quero ficar assim contigo, não por causa de uma estupidez destas.
- Para mí no fue estupidez. Disculpa-me pero esta noche ya dio lo que tenía a dar, voy para la sala, porque no consigo estar más con una persona en quien no confío.
- Não digas isso Fernando, que me partes o coração. – Disse eu enquanto o via a arrumar as suas coisas e a levá-las para a sala. Naquele momento não aguentei mais e soltei as lágrimas que já habitavam em meus olhos já a algum tempo daquela conversa. Como poderia estar aquilo a acontecer?! Acordei na manhã seguinte tentado acreditar que tudo aquilo não tinha passado de um pesadelo. Quando cheguei há sala e não vi ninguém, nem nenhuma mala, comecei a ficar preocupada, até que olhei para a mesa da cozinha e lá se encontrava um bilhete, corri em direcção a ele, e li-o rapidamente:

‘Querida Inês, lo siento, me fui sin decir nada, pero se vio sacudida por lo que pasó allí la noche anterior y por lo eso decidí partir más cedo. Pido disculpas por las cosas que te dije ayer, pero no sabía en el que creer, fue todo dicho sin pensar. Tú eres muy importante para mí. Por ese modo que decidí darnos un tiempo, para sabérmelos lo que realmente queremos. Ayer por la noche le oí llorar, y eso dio cabo de mi corazón. Yo soy un cobarde que está huyendo pero no sé como lidar con la situación, disculpa Inês, pero mereces bien mejor, un hombre que trate de ti, y si este hombre es el Rubén, que sea, él es bueno y parece gustar mucho de ti. Sólo quiero que seas feliz. Te amo como nunca amé nadie:
Fernando Torres’


- Não acredito que ele se foi embora assim. Vou ligar-lhe! É melhor não. Ele tem razão, precisamos de pensar. Como raio foi isto acontecer. Eu nem gosto do Rúben dessa maneira, ou gosto?! É claro que não. Ele é só um bom amigo. Epá que treta, logo agora, que parecia estar tudo bem. Acho que agora quero é distância de jogadores de futebol, … - Falava eu, andando de um lado para o outro com a carta na mão.
Tocam há campainha:
- Mas quem será? Tou a ir.
Abri a porta:
- Loirinha! Hoje não venho interromper nada? Desculpa a cena de ontem há noite não sabia que o Fernando já cá estava e por falar no Fernando, onde está ele?
- Já não está. – Disse baixando a cabeça.
Mariza de imediato percebeu que algo não estava bem e abraçou-me sem pensar duas vezes.
- Então Inês? Que aconteceu?
- Anda entra.
Sentamo-nos no sofá e comecei a falar:
-Nem eu sei. Nós ontem estávamos super bem, fomos jantar todos juntos….
- Todos?! Todos quem? – Interrompeu a Mariza.
- Eu, o Fernando e o Rúben, …
- O Rúben? Que fazia o Rúben no vosso jantar? – Voltou a interromper.
- Ele estava cá em casa quando o Fernando chegou, então fomos todos.
- Sim, estou a ver, e o Fernando como ficou ao ver o Rúben?
- Ui, nem imaginas, ouve um bocado de confusão, mas rapidamente passou, fomos para o restaurante começamos a comer calmamente, e o Rúben estava-me a convidar para ir ver hoje o treino deles antes do jogo. O Fernando passou-se e nós fomos falar, e ele lá se acalmou, acabamos o jantar calmamente e passamos o resto da noite tranquila. Entretanto chegas-te tu e depois de teres ido embora, foi aí que estraguei tudo. Chamei Rúben ao Fernando…
- TU FIZES-TE O QUÊ?
- Pois eu não sei como foi nem porquê nem de onde veio o nome: Rúben, mas chamei disso é certo, opa Mariza, foi horrível devias ter visto a cara do Fernando, voltou a passar-se, pensa que eu e o Rúben temos um caso, que eu o traí, e hoje de manhã foi-se embora e só me deixou este bilhete. – Mostrei-lhe a carta e deixei que ela a lesse.
- Ai Inesita, nem sei o que te dizer amiga. Como o chamas-te de Rúben? Tu gostas dele?
- Nãooo! Quer dizer, acho que não. É claro que não, é do Fernando que eu gosto! Como foi isto acontecer, COMO? Mas espera. Agora que me lembro. Que fazias tu cá ontem há noite a uma hora daquelas? Está tudo bem contigo?
- Ai Loirinha, está tudo óptimo, melhor era impossível.
- Ui, conta, estás a deixar-me curiosa.
- Tens a certeza que queres ouvir? Olha quanto ao Fernando, é assim, só te digo uma coisa, a vida é para a frente e o que não faltam por aí são rapazes giros. Não te quero é ver para aí triste outra vez.
- Não isso não, aliás fui eu que cometi o erro, que ainda nem sei como, mas enfim,… Claro que quero saber, tudinho. Preciso se coisas boas, noticias boas.
- Então ontem lá no estágio, o Rodrigo foi ter comigo e beijou-me há força.
- Que nojento, mas o que esses palhaço quer de ti, que porco! Bahhh! E tu mandaste-lhe uma valente chapada, certo?
- Não foi preciso.
- Como não foi preciso? Ele deve gostar da comida do hospital só pode! Parvalhão!
- Não foi preciso porque depois apareceu o meu herói, que me salvou daquele nojento.
- Um herói?!
- Sim o Javi. Sabes? Aquele o ‘olhos lindos’ lembras-te?
- Não posso! A sério. Epá isso tá a ficar sério.
- Mas espera, depois ele foi treinar e quando voltou fomos lanchar e eu convidei-o para jantar. Fomos jantar, e no restaurante estavam lá uns colegas dele que não paravam de olhar para nós, e acabaram por lá nos irem cumprimentar. São todos super simpáticos, e tive a falar com um, o David Luiz, aquele que viste em casa do Rúben um dia, e tivemos a falar de ti.
- De mim?! Porque raios estiveram a falar de mim?
- Perguntei-lhe se ele te conhecia, mas sem sucesso. E ele depois disse-me uma coisa. Mas não sei se por bem te deva contar.
- Hó diz logo.
- Ele disse que o Rúben anda apanhadinho por uma miúda.
- Só isso?
- Não te incomoda? Nem um bocadinho?
- Já disse que não gosto dele! Somos só amigos. Continua lá a contar o jantar com o teu herói.
- Bem se tu dizes. Então depois eles deixaram-nos a jantar sozinhos e quando acabamos o jantar ele levou-me a um bar de karaoke, e foi lindo, cantamos os dois, uma música super romântica, e foi um final de noite perfeita. Depois ele trouxe-me a casa e eu queria logo contar-te tudo, mas tive que esperar até hoje e agora vim aqui para dizer para te arranjares e ires comigo ao treino deles, já que eu fui convidada e tu também.
- Há não, isso é que não. Desculpa mas não estou com grande disposição para sair hoje.
- INÊS! Mau, não vais começar pois não! Então que combinamos? A vida é para a frente por isso, vai-te lá vestir que eu fico aqui há tua espera para irmos dar uma voltinha para fazer tempo para irmos ao treino. Vá vá, despacha-te.
- Ai Mariza, que seca, não me apetece nada.
- Também não me apetece muita coisa, por isso toca a andar, vais ver gente nova, caras novas, vai fazer-te bem.
- Ok, convenceste-me. Dá-me 10min.
Fui até ao meu quarto escolhi a 1ª roupa que me apareceu há frente, não estava com cabeça para nada, nem para escolher roupas. Vesti-me, calcei uns ténis e fui ter com a Mariza há sala.
- Aí loirinha, muda essa cara. Alegra-te!
- Desculpa mas hoje não consigo, aproveita tu, enquanto as coisas correm bem.
Assim que disse isto, Mariza recebe um sms de Javi a dizer que já está lá em baixo há nossa espera. Descemos, Mariza apresentou-me ao seu ‘herói’, entrámos no carro lá fomos até ao seixal. Javi estacionou, saí-mos do carro, e na nossa direcção começaram-se a aproximar mais dois jogadores do Benfica, o Saviola e o Rúben, que vinham ter com Javi para se irem equipar.
- Inês? Uau sempre vieste ao treino! Que bom! Como estás? – Disse-me o Rúben super feliz por me ver ali vindo para me dar um beijinho. Desvie-lhe a cara mas ele nem se apercebeu e continuou a falar. - Então e amanhã vais ao nosso jogo? Sempre queres que te dê a minha camisola, não é? – Entretanto o Rúben percebe que algo não está bem. - Passa-se alguma coisa? Foi o Fernando? Porque é que ele não veio também?
- Devias guardar essa preocupação toda para a ‘rapariga ideal’.
- Hã? Que rapariga ideal?
Os olhos, de Javi, Saviola e Mariza, vagueavam entre mim e o Rúben, parecendo que estavam a assistir a um jogo de ténis, no qual não percebiam as jogadas.
- Isso agora não interessa! O que interessa é que ouvi e pronto! – Disse irritadiça.
- Como queiras! mas... Inês? Isso serão ciúmes...? – Disse o Rúben com cara de malandro. - Olha que o Fernando não deve gostar disso.
-TU! TU NAO TE ATREVAS A FALAR NO FERNANDO OU NO QUE PENSAS QUE EU SINTO OU DEIXO DE SENTIR! POR TUA CAUSA ACONTECERAM COISAS QUE NÃO DEVIAM TER ACONTECIDO! – Nervosa, saiu-me disparado da boca o que menos queria. - ACABOU RÚBEN! VAÍ-TE EQUIPAR. - A Mariza viu que a conversa já não estava a correr bem e levou-me pelo braço para irmos dar uma volta e só regressar-mos no inicio do treino.
-ESPERA! NAO ENTENDO! HEY NÃO TE VÁS EMBORA ASSIM! – Gritou-me Rúben enquanto me mirava, vendo-nos, a mim e há Mariza, a desaparecer dali e com uma mão no peito, a de Javi que o impedia vir na minha direcção e o fazia recuar.
Eu e a Mariza passeávamos pelo centro da cidade enquanto fazíamos tempo para os rapazes se equiparem. Nos balneários:
- Eu sinceramente! O que raio lhe deu?! Eu não entendo nada disto páh! – Dizia o Rúben andando de um lado para o outro, inquieto.
- Calma manz! São mulheres! São complicadas, cara! Mais que aconteceu? – Apareceu David, que de imediato ficou preocupado com estado do seu melhor amigo.
- Yo tampoco comprendí muy bien esta historia, pero me pareció que ella tiene novio, verdad? – Interrogou o Javi.
- Epaaa – Começou Rúben a falar esfregando a cabeça. - Ela namora com o Fernando Torres, Javi!
- QUÉ?! – Diz Javi super surpreendido.
- Esse rapazinho não é jogador dji futebol? Hey, Javi! Ele é espanhol como você né?
- Ella enamora con Fernando? Sí, David él y español. Lo que confunde aún más esta historia...
- Eles conheceram-se em Barcelona nas férias de Verão e têm namorado desde então. – Explicava o Rúben.
- Nossa, Deus do céu, quem iria crer?
- NO EL CREO!
- Mas podem acreditar! E o tipo teve de voltar pa Inglaterra e a Inês para Portugal. Ela tem sofrido bué com ele! E ainda por cima, continua a gostar dele, isso é que me irrita! Deve ser masoquista só pode... Bom, mas ele ontem apareceu lá em casa e ... eu estava com ela... e o gajo PASSOU-SE.
- Você? Em casa da Inês? Que tava fazendo lá com ela? – Perguntou David com ar de malandrice.
- Epá David, deixa-te de brincadeiras. Isto é sério!
Quem diria, o Rúben sério? Não era normal. David e Javi olhavam-no admiradíssimos:
- Sim, manz. Tou vendo que isso ta-se tornando sério... a garotjinha deve ser bem especial, hã?
(contendo um sorriso parvo) - É mesmo, David. É mesmo.
- Entonces usted tiene que luchar por ella, Rubén! mostrarle lo que sientes y que el fernando nao parece ser benefico para ella! Y si ella esta con problemas... tienes aún de a ayudar. si te gusta así tanto de ella, tienes que a ayudar!
- Olhem só! O nosso espanholito todo romantjico! Isso é experiência própria...? – Brincou David.
- No estamos hablando acerca de mí y Mariza. Estamos hablando de Rubén y Inês.
- Topa só isso Rúben! Javi e Mariza! Temos casal, ein?
Ignorando as palhaçadas do David, Javi volta-se para o Rúben:
- Oiste ruben? tienes que hablar con ella lo cuánto antes! esclarezcas lo que ella quise decir con aquello y muestres que estás aquí para ella. Pero ahora te concentra en el entrenamiento.
- É isso aí, viu? cê agora tem dji si concentrar no seu trabalho, depois tem tempo p’ra namoricos. – disse David dando-lhe uma palmada no ombro.
- Okay. (sorri) Obrigadão pelo apoio malta!
- Agora vamo dar o tudo por tudo nêssi treino antes do jogo, vamo lá pessoal!
Era chegada a hora do inicio do treino, os jogadores já se encontravam todos no relvado. O Rúben procurava-me nas bancadas começando a acreditar que eu já não vinha. Entretanto, chegadas ao centro de treinos eu e a Mariza fomos entrando e instalando-nos nas bancadas. A Mariza não conseguia tirar os olhos do Javi, e eu pelo contrário, só queria que os meus não se cruzassem aos de Rúben. Voltei de costas para o relvado, mirei a plateia:
- Ahhh, olha que moça tão bela Mariza! – Disse contemplando uma jovem elegante que descia as escadas por entre as bancadas do campo.
Mariza virou-se para a contemplar também, e os seus olhos automaticamente se arregalaram enfurecidos. Quem seria aquela misteriosa rapariga que deixava Mariza naquela estado?

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