domingo, 8 de maio de 2011

1ºcapítulo (narrado por Mariza) - Mas que dia!...

Bocejei e espreguicei-me. Levantei-me e dirigi-me à casa-de-banho.
Voltei ao meu quarto e coloquei-me em frente ao espelho. Comecei a fazer uns pequenos alongamentos. Saltei à corda e fiz abdominais.
Já cansada e suada, dirigi-me ao roupeiro. Era o primeiro dia na Universidade, portanto queria estar bem, mas nada de muito chamativo.
Optei por uma blusa branca de cavas, umas jeans claras, um cinto castanho para as calças não me caírem (eheh). Para complementar o visual descontraído, tirei um colete preto do cabide.
Levei toda a roupa para a casa-de-banho e fui tomar banho.
De seguida, vesti-me, enquanto os caracóis começavam a ganhar definição e volume. Voltei ao meu quarto, procurei um colar comprido que caísse bem no conjunto e finalmente, encontrei um perfeito. Calcei as botas de salto alto e fui arrumar a mochila. Olhei para o relógio que tinha no pulso e conclui que tinha 20 minutos para tomar o pequeno-almoço e esperar por Inês. Arranjei também o equipamento de dança para a tarde.
Desci as escadas. Fui à cozinha ter com a minha mãe.
- Buenos días, mamã! – exclamei, dando-lhe um beijinho na bochecha.
- Olá, bom dia, querida. Despachaste-te muito cedo! – comentou ela, olhando para o relógio.
- Pois, se calhar é dos nervos.
- Não estejas nervosa. Vai correr tudo bem, vais ver.
- Sim, assim espero. – sorri.
- Vá, os teus cereais preferidos estão à tua espera!
- Boa! Estou cheia de fome! – sentei-me à mesa e levei a colher à boca cheia de Crush.
- Fizeste os teus exercícios matinais?
- Claro.
- Óptimo. Hoje tens dança, não tens?
- Sim.
- O Ricardo deve estar cheio de saudades tuas.
Revirei os olhos. A minha mãe incentivava-me ao máximo para que eu me tornasse uma bailarina profissional, mas eu era incapaz de imaginar que era esse o meu futuro. E, eu já há algum tempo que desconfio, que ela tem esperanças de eu e o Ricardo começarmos a namorar. O que era uma perfeita tolice, mas não queria visualizar a imagem da minha mãe ao saber que o Ricardo não gostava de meninas... aliás dáva-lhe um treco de soubesse que o seu namorado também dançava na nossa Academia, uiii Jesus...!
Acabei de comer rapidamente. Tirei o telemóvel do bolso das jeans e escrevi: “Estou pronta. Já podes descer =D” e enviei para a Inês.
Resposta? “Sorry, estou um pouco atrasada. A culpa é do González! Vai ligando a moto...”. Escrevi: “OK”.
Despedi-me da minha mãe, pus a mala ao ombro, fui buscar as chaves da moto e dois capacetes.
Desci as escadas do prédio e por acaso ouvi a Inês a gritar no andar de cima:
- Não, González, não! Gatinho mau! Gatinho mau!
Não resisti em não rir.
Sentei-me na moto. Procurei os meus óculos de Sol Ray Ban Aviator e pu-los. Coloquei o capacete e liguei o motor.
Ouvi a porta do prédio a fechar-se; era Inês muito apressada.
- Bom dia. Bom dia. Desculpa lá o atraso.
- Bom dia. Não faz mal nem estamos muito atrasadas. Hoje acordei mais cedo.
- Pois também eu, mas o González atrasou-me.
- Deves-me séria explicações!
- Hã?
- O que estavas a fazer ao Laranjinha?
- Óh. Só quer é festinhas e atum, sabes como é...
- Pois-pois. Estou a ver que tenho de lhe arranjar um advogado e bom!
Inês deu uma gargalhada. Colocou o capacete e sentou-se atrás de mim, agarrando-me bem a cintura.
- Vamos lá, então! – exclamou.
Arranquei do passeio e fomos pela estrada fora.
Chegámos com 10 minutos de antecedência à primeira aula.
Fomos passear pelos corredores a observarmos o ambiente e as pessoas.
Muita correria, muita agitação, muitas capas pretas.
Mesmo à nossa frente, aparece um rapaz baixinho, com óculos e aspecto betinho. Trazia nas mãos um balde de tinta verde e estava pronto para o espetar pelas nossas cabeças a baixo.
Inês abriu a boca em estado de choque.
- É que tu nem penses em fazer isso, parvalhão! – exclamou ela.
- Pois, é que se o fizeres tens um processo em cima! A minha mãe é juíza! – grande mentira minha, mas pronto.
- Exacto! E o meu pai faz musculação duas vezes por dia! – exclamou Inês.
O rapaz olhou-nos desconfiado. Mas, pensou bem em não cometer o maior erro da vida dele e deu meia-volta e zarpou dali.
Olhámos uma para a outra e rimo-nos. Uffa, foi por pouco.
- Somos muito boas, Espanholita.
- Ah, pois é, Loirinha. Tinta verde, ainda por cima? Nem pensar!
- Nem pensar mesmo. Somos do Benfica!
- Ah, então não há problema nenhum! – exclamou uma voz masculina astrás de nós. Curiosas, virámo-nos para trás. Só tive tempo de fechar os olhos o mais rápido que consegui. Inês berrou.
Caímos no chão, todas ensopadas com tinta vermelha.
Inês abriu os olhos, fitou-se a si própria e disse:
- Bem, pelo menos é tinta vermelha...
- Só podes estar a gozar comigo, Inês!
O rapaz que nos atingiu violentamente com tinta dava mil gargalhadas.
De repente, à nossa volta formou-se um círculo de estudantes cuscos.
Um outro rapaz saiu do círculo e estendeu uma mão para Inês e ajudou-a a levantar. Fez o mesmo para mim, mas eu nem sequer olhei para ele; Olhava furiosamente o rapaz loiro que nos fez aquele rico serviço.
Levantei-me sozinha e dei um passo em frente.
- TU VAIS PAGAR POR ISTO! – berrei-lhe.
- Hey-hey, calminha giraça. Foi só uma brincadeira! Não é preciso ofenderes-te!
- Uma brincadeira? – perguntei, semicerrando os olhos.
- Exacto.
- Já que gostas tanto de brincar, vou mostrar-te a minha brincadeira favorita! – disse-lhe. Ele aguardou, fitando-me com os seus olhos meio cinzentos. – ESTA! –exclamei ao mesmo tempo que lhe dei uma valente chapada que o fez cambalear. O rapaz agarrou-se ao maxilar vermelho, estupefacto.
- Ora toma lá! – disse Inês, orgulhosa.
- Vamos, Inês! – agarrei-lhe o braço, destruí o círculo outrora formado à nossa volta e fomos procurar uma casa-de-banho.
Acabei de limpar a minha roupa. As jeans tinham sobrevivido. A blusa mais ou menos, ainda estava um pouco manchada. O cabelo estava um caco. Agarrei no meu telemóvel e procurei a música Zombie dos The Cranberries – ouvia-a sempre que estava irritada.
Inês ainda se estava a limpar o melhor que podia.
- Bela maneira de começar o ano escolar. – comentou Inês.
- Ah, nem me digas nada! Detesto estas porcarias! Ainda por cima, depois de almoço tenho de ir ao Estádio para me informar sobre o estágio. E tenho de ir assim! Mas que raiva!
- Acalma-te, Mariza! Não estás assim tão mal. A minha roupa e cabelo estão muito piores. – informou ela, olhando-se ao espelho.
- Eu ajudo-te. – disse-lhe, molhando mais um monte de papel.
- Tens a certeza que ficas bem? – perguntou Inês.
- Também se não ficar, não tenho outro remédio.
Inês sorriu.
- Vá, então boa sorte para as aulas.
- Para ti também.
Abraçámo-nos e fomos cada uma para a sua sala.
A minha primeira aula ia ser demasiado fácil. Era Espanhol. Mas que ironia...
Sentei-me num lugar vazio e aguardei pelos meus novos colegas e professor. Tirei um caderno de apontamentos e uma caneta.
- Pensava que gostavas de vermelho.
Virei ligeiramente a cara.
- Eu repelo a sujidade. – respondi ao rapaz loiro a quem à pouco dei uma chapadona.
- Começámos com o pé esquerdo. E que tal de novo? Olá, chamo-me Rodrigo e tu?
Olhei para ele, com pouca paciência.
- Okay, adeus!
- Isso é assim? Que mal-educada.
- É como eu quiser e o culpado foste tu. Não sou mal-humorada nem mal-educada. A culpa é tua!
- Ainda bem que não és. Já estava a ficar preocupado.
- Ai sim? Então porquê?
- Porque pareces ser muito interessante.
- Olha, não tens outra alma para atormentar? Recolhe a âncora e faz-te ao mar.
- Nãa, o meu barco acabou de âncorar.
- Que pena para mim!
O rapaz puxou a cadeira ao meu lado e sentou-se.
- Vais-te embora, certo?
- Ora aí está uma coisa que eu não vou fazer.
- Olha, estás a começar a irritar-me! Vai-te embora antes que te dê outra chapada.
- Sabes, há peixes difíceis de pescar, mas um pescador não desiste de os apanhar.
- O que raio quer isso dizer? Eu gosto muito de peixe, mas isto já é peixaria a mais!
De repente, entra a Professora de Espanhol. Eu começo a dar cotoveladas ao Rodrigo para que ele fosse para outro lugar qualquer, mas ele não arredava o pé. Raios me partam!
- Sai daqui! – disse um pouco alto demais.
- Cualquier problema? – interrogou a professora arrogante.
- No, no. Perdóname. – disse-lhe.
Ela olhou para mim, curiosa.
- Deves ser a Luso-espanhola.
Arqueei a sobrancelha. Suspirei. Iria ser discriminada ou algo assim?
- Sim, sou.
A Professora dirigiu-se à secretária e os estudante começaram a tirar os materiais necessários para a aula.
- És Espanhola? – murmurou Rodrigo.
- Não tens nada a ver com isso.
E a professora começou a lessionar a aula.
No intervalo fui à secretaria a perguntar pelo meu Estágio.
Informaram-se que começava hoje. Indicaram o local onde me deveria dirigir, até me deram um mapa, ao qual agradeci profundamente.
À hora de almoço encontrei-me com Inês e fomos à Pizza Hut perto da Universidade.
- Então, como correu?
- Acho que arranjei um fã louco.
- Hã? Um fã louco? Que história é essa?
- O tipo chanfrado dos carretos que nos lançou a tinta para cima, chama-se Rodrigo e ficou colado ao meu lado durante a aula de Espanhol.
- A sério? Deste-lhe outra chapada? – perguntou Inês a rir-se.
- Quase! Ele estava a por-me fula outra vez!
- O que queria ele?
- Queria saber o meu nome, mas não lho disse. Depois eu queria que ele me deixasse em paz, mas ele ainda a picar o meu cérebro! De seguida, disse-me algo do género: “ Há peixes dificeis de pescar, mas os pescadores não desistem...” Enfim, coitado. É taradinho.
- Eu cá acho que está arrependido de te ter atirado a tinta para cima.
Fiz uma careta.
- E também acho que está interessado em ti.
- Hum, yah ele também disse isso. Acho eu.
- Estás a ver? Tenho razão.
- Quero lá saber disso. Ele que não me enerve, que não se meta comigo, porque eu não gosto dele!
- Olha que ele é bem giro. Parecia ter olhos cinzentos.
- Por acaso até tem, mas isso não me influência. Não me curvo perante nenhum rapaz, sabes disso, Loirinha.
- Isso é porque ainda não te apaixonaste.
- E talvez seja melhor assim...
- Teimosa!
- Pois sou, mas tu gostas de mim à mesma.
- Uma bela verdade, Espanholita.
- Então, já falaste com o Torres?
Inês baixa a cabeça em sinal de tristeza.
- Não, ele deve estar no avião.
- No avião?
- Ah, pois. Esqueci-me de te dizer que ele hoje partia para Inglaterra.
- Já vai começar a jogar?
- Tem de ser.
- Hum, ok.
- Agora vais para o Estádio?
- Sim, vou. Mais logo vais ao Ginásio?
- Sim, e tu vais à Academia?
- Yap.
- Então, depois eu vou lá ter, porque devo-me despachar mais cedo do que tu. Dás-me boleia, não é?
- Claro, Loirinha.
- Fixe.
Despedimo-nos. Inês voltou para a Faculdade e eu fui para o Estádio de moto. Tinha todos os documentos que precisava. Estava um pouco nervosa, não sabia ao certo aquilo que me estava reservado.
Estacionei a moto no pequeno parque ao pé do Estádio. Tirei o capacete.
Arranjei o cabelo. Tirei os documentos e comecei a caminhar.
- HEY, ESPANHOLA! – ouvi alguém gritar.
Franzi as sobrancelhas e virei-me para trás.
Arrependi-me no segundo seguinte. Isto não me está a acontecer!
Era o Rodrigo a correr para me alcançar.
Virei-me e acelerei o passo.
- ESPERA AÍ, ESPANHOLA! – exclamou muito perto de mim.
- Não me chames Espanhola!
- Não sei mais nada sobre ti. Não me disseste o teu nome.
- Se te dizer o meu nome, nunca mais me vais chamar “Espanhola”?
- Prometo que nunca mais.
- Mariza.
- Mariza? Lindo nome.
- Obrigada.
- Também vais estagiar?
- Eu vou. Espera! Não me digas que tu também!
- Okay, então eu não te digo.
- Estás a gozar, certo?
- Não. Mandaram-me para aqui, porque sabiam que já conhecia bem os cantos à casa.
- O que queres dizer com isso?
- Faço parte da equipa de Voleybol masculina do Sport. Lisboa Benfica.
Olhei para ele. Não sabia bem o que dizer.
- Hum, que bom para ti.
- Yah, é brutal!
Fiz um mero aceno com a cabeça.
Entrámos no estádio e tratámos da papelada.
Disseram-nos que podiamos começar hoje. O senhor de bigodes engraçados deu-nos uma lista de tarefas.
Olhei para a minha. Só tinha tarefa: encaminhar os jogadores para a sala 200. Os jogadoes? OMG! Ía dar de caras com os jogadores do Benfica?!
- O que tens para fazer? – perguntou-me Rodrigo.
Não consegui dizer nada, apenas levei a folha de encontro aos seus olhos.
Dirigi-me sozinha à garagem subterrânea, onde estavam alguns carros de marcas caras e fixes.
Passado pouco tempo, entrou um carro. Estacionaram-no e de lá saiu um rapaz muito alto e moreno.
Tirou uma mala da mala do carro e dirigiu-se a mim.
- Boa tarde. Queria conversar com Rui Costa. Você me sabe dizer onde está ele? – disse o rapaz brasileiro.
- Hum, presumo que esteja na sala 200. Sobe estas escadinhas aqui, segue pelo primeiro corredor à direita e é sempre em frente.
- Obrigado.
- Pode só dizer-me o seu nome, por favor? – interroguei para apontar o nome dele nas entradas da tabela que tinha de preencher.
- Me chamo Jardel, sou novo por aqui.
Apontei na tabela.
- Obrigada. É novo, é? Então, se calhar é melhor acompanhá-lo até à sala. Siga-me, por favor.
- Obrigado.
Enquanto nos encaminhávamos para a sala:
- A menina trabalha aqui, não é verdade?
Ri-me.
- Sou estagiária. Comecei hoje.
- A sério?
- Sim. – sorrindo.
- Que sorte a minha ter encontrado uma estagiária tão simpática.
- Obrigada. – corando um pouco. – Estou um nadinha nervosa.
- Não parece nada. Está indo muito bem.
- Obrigada mais uma vez.
- Como se chama?
- Mariza Martínez.
- O seu apelido não é Português, não.
- Pois, não. Nasci em Barcelona.
- Ah, então é espanhola.
- Sou Luso-espanhola.
- Ah, muito bem. Acho que vou ter colegas espanhóis. Espero que sejam boas pessoas.
- Ora de certeza que são. – sorri-lhe.
- É. Acabei de ficar com boa impressão dos Espanhóis.
Sorri-lhe. Ele era mesmo muito simpático. E eu que estava tão nervosa.
Os jogadores de futebol são pessoas iguais a nós! Só um pouco mais ricos e alguns agressivos, mas eu também não podia falar muito (ahah).
- Pronto, aqui estamos. É esta a portinha.
- Obrigadão!
- De nada, sempre às ordens. Com licença.  – disse, voltando ao meu posto.
Eram 18 horas e isso queria dizer que tinha de me ir embora.
Fui de encontro ao senhor de bigodes, dando-lhes as boas tardes e fui-me embora.
Cheguei num instante à Academia.
Fui aos Balneários para me equipar. Vesti um top justo e uns calções curtinhos pretos. Dirigi-me à sala e avistei Ricardo a aquecer ao som de She’s a Maniac.
- Tudo bem, Ricky?
- Tudo óptimo, amori. – disse ele num tom muito abichanado. Elevou-me no ar, na brincadeira.
- Continuas leve como uma pena.
- Isso é óptimo de ouvir. – ri-me.
- Vamos alongar?
- Vamos a isso! – exclamei, entusiasmada.
A pouco e pouco, juntaram-se a nós os nossos colegas de dança, assim como a nossa professora ucraniana.
Esta informou-nos que antes das férias de Natal, faríamos um espectáculo para apresentarmos.
Eu e Ricardo começámos por fazer espargatas.
Depois fizemos: grand plié e en croix vezes sem conta para os músculos se habituarem ao movimento.
Giselle (a nossa professora) ensinou-nos uma nova coreografia.
Eu e o meu parceiro aprendemo-la bem, sem dificuldades.
A aula pareceu acabar num instante, nem queria acreditar que já se tinham passado 3 horas.Voltei ao Balneário e tomei um duche rápido.
À porta da Academia encontrava-se Inês.
- Como correu a aula?
- Magnificamente bem! – sorri-lhe super bem-disposta.
Montámos na moto e fomos para casa.

3 comentários:

  1. Estou curiosa para saber a continuação ..
    Continua ..
    BjnhO
    PS: http://quandomenosseespera-diidii.blogspot.com/ , passa na minha se tiveres interessada .. :D

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  2. Obrigada =D Vamos ler a tua Fanfic assim k podermos =) Jinhs

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  3. Adorei o González!!!! xD
    Está giro, continuem... :)

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